O maior desafio para negociar e fazer a gestão integrada da cadeia de abastecimento de uma construtora é manter os vários setores da empresa funcionando como uma engrenagem.
“Para garantir o abastecimento de várias obras em épocas de grande demanda, é preciso ter bom planejamento e cronograma de compras”, afirma Oscar José Horta, da American Partners – Incorporadora e Construtora. Para tanto, o gestor precisa ter um bom conhecimento do escopo do projeto, do cronograma físico, financeiro, de compras e do orçamento de cada obra.
Tudo isto deve estar atrelado a uma boa gestão de qualidade e de comunicação. Para atuar em empresas de pequeno e médio porte é preciso agilidade, iniciativa, saber reportar e conferir o pedido, além de estar apto a acumular funções, se e quando necessário.
“A formação do comprador depende muito da dinâmica que a empresa quer implantar. Mas é bom que o profissional tenha conhecimento de obras e do que será executado para que possa discernir sobre o que está comprando, avaliar inconsistências e reportar ao engenheiro ou gerente de projetos”, pontua.
Oscar Horta explica que o gestor de suprimentos conta com o apoio de vários softwares existentes no mercado, como de orçamento ou de gestão integrada.
Mas eles de nada adiantam sem uma boa equipe. “Em nossa empresa contamos com 20 colaboradores no departamento de Portfólio de Projetos, que responde pelas compras, acompanhamento da obra, revisão e compatibilização de projetos e gestão da qualidade”.
Como na empresa o comprador também é gestor de projetos, ele verifica a coerência com a etapa da obra e as especificações. “Só após a conferência, é feita a concorrência eletrônica para efetivação da compra via site Construcompras. Vale ressaltar, entretanto, que para o bom funcionamento de uma estrutura enxuta como a que temos na American Partners, o que melhor funciona para o alinhamento das equipes e da gestão integrada ainda são as reuniões presenciais”, revela.
Horta diz que, apesar da desaceleração do mercado, ainda identifica alguma dificuldade para negociar determinados insumos a pronta entrega. “Não pela falta de logística, mas pela carência no mercado. Mesmo assim, para a maior parte dos produtos em que há grande concorrência entre fornecedores, ainda é possível negociar preços”, afirma.
Para compatibilizar custos com qualidade o comprador precisa especificar muito bem o produto e fazer cotações em sites de compras com o maior número possível de fornecedores. Assim fica muito mais fácil negociar o menor preço.
“Entendemos, entretanto, que é muito importante estabelecer parcerias e formar fornecedores. Com isto, há maior confiança nos prazos e condições de entrega em conformidade com o pedido”, destaca.
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Negociar produtos sustentáveis
Horta comenta que um tema recorrente no departamento de suprimentos é a relação custo-benefício dos itens sustentáveis. “Entendo que desafios geram boas ideias e elas geralmente são simples, pouco onerosas e de grande efeito. Com pequenos cuidados de execução, seleção de fornecedores e de destinação de resíduos, é possível melhorar muito a relação obra/meio ambiente”, diz.
Se pensarmos em um prédio totalmente verde, geralmente os custos adicionais se revertem em economia para os usuários e aumenta o valor agregado da obra. A sustentabilidade já não é mais apenas uma opção pela manutenção da vida humana no planeta, para alguns segmentos é uma exigência de mercado.
“Ações de sustentabilidade não representam custo, mas sim um investimento que é, a um só tempo, necessário ao planeta e lucrativo para as empresas”, conclui.
Redação AECweb / Construmarket
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Oscar José Horta É engenheiro civil formado e pós-graduado em Gestão de Projetos pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É gerente de portfólio de projetos da American Partners – onde responde pela gestão de compras, acompanhamento de obra, revisão e compatibilização de projetos e gestão da qualidade, gestão de incorporação e negócios próprios.