Como promover a profissionalização da área de compras

Entenda como e por que é preciso agregar competências à formação do profissional de compras
reunião entre os diversos profissionais da área de compras

setor de compras vem ganhando cada vez mais importância no cenário corporativo, nesse momento em que as empresas se conscientizam de que a preservação de sua rentabilidade já não vem mais da pujança da comercialização de seus produtos.

“Atualmente, ela é fruto da boa gestão da rede de suprimentos, eliminando ineficiências e potencializando ganhos”, afirma o professor Sandro Reis, coordenador do MBA em Gestão Estratégica de Compras na Universidade Veiga de Almeida, complementando: “Esse novo cenário exige que a área seja profissional e alinhada às melhores práticas do mercado, o que vai se traduzir em bons negócios e processos bem estruturados, para atingir os resultados que as organizações precisam”.

Para promover a profissionalização da área de compras, é preciso investir no preparo continuado dos profissionais e na adoção de melhores técnicas e de amadurecidas filosofias de gestão de compras. “É essencial, também, manter um benchmark constante com outros agentes de mercado. Nesse contexto, em que todas as partes interessadas participam de uma grande rede de conectividade, é possível aproveitar uma série de oportunidades”, observa o especialista.

COMPETÊNCIAS AGREGADAS

À formação em Engenharia Civil do profissional de compras, comum nas construtoras, é preciso agregar competências. “Ele deve estar devidamente alinhado e com pleno domínio da metodologia de strategic source, que trabalha toda a cadeia de suprimentos, em vez de olhar sob a perspectiva do ganho negocial apenas pela ótica da concorrência pura e simples”, avalia Reis.

“Afinal, está comprovado que bons retornos não advêm necessariamente da abertura de processo concorrencial. É preciso identificar onde estão as ineficiências e, aí sim, buscar alternativas para transformar um processo de compras em um grande projeto. O profissional vai, inclusive, influenciar a política de suprimentos da empresa”, completa.

O novo cenário exige que a área de compras seja profissional e alinhada às melhores práticas do mercado, o que vai se traduzir em bons negócios e processos bem estruturadosSandro Reis

O profissional deve evitar, ainda, uma atuação apenas reativa às requisições de compras, sem que exista uma inteligência externa e interna envolvida. A externa diz respeito a tudo o que está acontecendo no segmento em que a empresa opera. Também é essencial ter conhecimento da situação política e econômica do país e de como ela pode influenciar positiva ou negativamente a organização.

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FALHAS COMUNS

Os “buracos” na formação dos profissionais responsáveis por compras podem prejudicar a empresa como um todo. É o caso de quem adquire, por exemplo, grandes volumes de determinado item dolarizado sem ter a habilidade de enxergar globalmente a situação econômica.

Quando a moeda americana tiver uma valorização excessiva, o orçamento do projeto será prejudicado. Nesse caso, é preciso identificar não somente as oportunidades existentes no mercado interno, mas ter também um olhar internacional. E, se encontrar um preço mais convidativo no exterior, é necessário ter inteligência interna para cotejar custos, pois o importado sofrerá o acréscimo dos impostos quando for internalizado, e o preço, assim, deixa de ser competitivo.

“O profissional de compras precisa de noções de toda essa teia tributária e de conhecimento de matemática financeira”, orienta Reis, referindo-se ao impacto da inflação sobre as aquisições de longo prazo e a importância de ajustar os valores atuais e futuros ao orçamento.

Esse é o ‘calcanhar de Aquiles’ do setor. Sem atualizar a sua base de fornecedores e sem parâmetros eficazes de referência, o comprador não consegue balizar se a cotação é a melhor condição comercialSandro Reis

A área de suprimentos e compras das construtoras, caracterizada por trabalhar com demandas de projeto e pressão de prazos, também sofre quando não busca a variedade, a inovação e a tecnologia. Muitas vezes, acaba lançando mão de dois ou três fornecedores já conhecidos, o que torna a compra viciada, como considera Reis: “Esse é o ‘calcanhar de Aquiles’ do setor. Sem atualizar a sua base de fornecedores e sem parâmetros eficazes de referência, o comprador não consegue balizar se a cotação é a melhor condição comercial”.

GESTÃO DE CONTRATOS

Finalmente, além de operacionalizar de maneira eficaz o processo de aquisição, é crucial que o profissional de suprimentos domine a gestão de contratos, área intrínseca à de compras. É recorrente, segundo o professor, que a atuação do comprador deixe a desejar depois de fechado o contrato.

E o fornecedor, percebendo isso, passa a não cumprir, em detalhes, o negociado. “O contratado não se sente cobrado e cai em uma zona inercial diante de um comprador que não faz as exigências de performance. Com isso, o contrato acaba se tornando um foco de prejuízo”, alerta.

O procedimento ideal da área de suprimentos envolve reuniões periódicas, sistema de relacionamento bem definido, com plano de ação, prazos e ações compromissadas. A gestão de contratos vai determinar o efetivo êxito que a área de compras pode assegurar para a organização.


Redação AECweb / Construmarket


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Colaboração técnica

Sandro Reis – Graduado em Administração de Empresas, possui MBA Executivo em Gestão de Negócios e Finanças pelo Ibmec-RJ; MBA em Gestão Empresarial pela Funcefet; e formação em Gerência de Projetos pela Dinsmore Associates.

Profissional com vasta experiência em gestão de negócios, há 20 anos atua no campo da gestão e profissionalização das áreas de suprimentos e contratos em empresas de grande porte, como Comitê Olímpico Rio 2016, Vale S/A e White Martins.

Coordena o MBA em Gestão Estratégica de Compras na Universidade Veiga de Almeida e na UCAM-AVM e também atua como docente nas disciplinas Gestão de Negócios, Gestão de Suprimentos, Gestão de Pessoas, Gestão de Projetos, Oratória, Economia e Política e Gestão de Carreira.

Membro da Comissão de Logística do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro CRA-RJ. É, ainda, professor e palestrante do Instituto Nacional dos Executivos de Suprimentos e do Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças.

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