Compliance altera dinâmica nas construtoras

Uma mão apontando para um desenho de compliance em 3D.

Cada vez mais presente nos variados setores da economia, especialmente nas construtoras e empreiteiras, o compliance caminha junto com os valores que constituem a política de uma empresa.

Resulta em condutas mais transparentes, ao exigir dos funcionários conformidade com o código de procedimentos internos da companhia, inclusive com o de ética.

De acordo com o engenheiro Angel Ibanez, diretor de Suprimentos da Brookfield Incorporações, o departamento de compliance tem como rotina revisitar o código de ética da empresa, realizar campanha interna revendo as principais políticas e ministrar treinamentos.

Tem também a missão de debater temas atuais, como a Operação Lava Jato, que repercutiu de maneira palpável na área de compras e suprimentos de corporações de todo o país.

“Empresas que tinham seu compliance implantado, principalmente as de capital aberto, trataram o assunto abertamente. Na Brookfield, como o programa intervém diretamente nos processos da incorporadora, avalizando os procedimentos, os profissionais passaram a adotar alguns cuidados, antes negligenciados”, comenta.

Para Ibanez, o compliance trouxe importante mudança na forma de relacionamento dos fornecedores com a incorporadora. “Num passado recente, era muito comum que nós, profissionais de suprimentos, participássemos de almoços e eventos promovidos por fornecedores fora do ambiente da empresa. Agora, os encontros são mais raros e as relações interpessoais passaram a ser mais formais. Quando um vendedor nos visita, por exemplo, nunca vem sozinho, mas acompanhado de, pelo menos, mais uma pessoa”, relata Ibanez, ressaltando que essas consequências são observadas em todo o mercado da construção civil.

A área de compliance da Brookfield Incorporações, por se tratar de multinacional, responde à matriz, no Canadá, e mantém um canal aberto de denúncia que qualquer pessoa, interna ou externa, pode utilizar. “E as denúncias são 100% apuradas. O compliance é o guardião das normas e processos da empresa”, destaca.

compliance é o guardião das normas e processos da empresa. ” Angel Luis Martinez Ibanez

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Setor mais suscetível

A área de compras e suprimentos é percebida, historicamente, como a porta de entrada de tentativas de suborno ou favorecimento. “Isto porque seu papel é tratar com fornecedores da empresa em todos os âmbitos, tanto diretos como indiretos”, diz.

No caso da construção civil, os profissionais falam com fabricantes de produtos e sistemas, setor mais formalizado, e com prestadores de serviços, no qual há elevado grau de informalidade – condição ideal para o desvio de conduta.

Outros defeitos do compliance

De acordo com Angel Ibanez, a aplicação do compliance traz como consequência para a área de compras e suprimentos uma total transparência e rastreabilidade do processo, com grandes impactos na operação.

Ele dá o exemplo do processo de negociação com fornecedores, em que todos os participantes do processo devem obrigatoriamente ter as mesmas chances e a mesma quantidade de informações.

“Na Brookfield, se o fornecedor que perdeu abrir uma denúncia dizendo que não teve a mesma chance daquele que ganhou, a queixa será apurada e, se todo o processo não estiver devidamente registrado, certamente haverá consequências”, comenta.

Um dos instrumentos para evitar esse tipo de vício em compras é qualificar os fornecedores em conjunto com a diretoria de compliance, o que torna o processo mais robusto“A partir daí, a negociação é equânime com todos eles”, reforça.

Outra situação mencionada por Ibanez é a incorporadora sofrer pressão de eventual sócio na incorporação, seja investidor ou dono no terreno (no caso de permuta), para contratar determinado fornecedor.

“A diferença é que, aqui, esse fornecedor passaria por todo o processo junto com outros, desde a qualificação até a apresentação do melhor preço. Se houver alguma restrição, não será aprovado. E para ganhar a concorrência, também terá de ser aprovado por diversas instâncias, previstas na política de compras”, ilustra.

Por mais rígido que seja o programa de compliance, não está sob seu domínio avaliar a qualidade dos produtos dos fornecedores. “Quem vai pegar é a área da Qualidade”, diz.


Redação AECweb / Construmarket


Colaboração técnica

Angel Luis Martinez Ibanez – Formado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia Mauá; PMP, com MBA em General Management pelo Insper e MBA em Negócios do mercado imobiliário pela FIA.

Atuou como engenheiro de obras e gerente de projeto pela Método Engenharia e pela Alphaville Urbanismo. Foi responsável pela área de Suprimentos na Gafisa, Tenda e na PDG. Atualmente responde pela área de Suprimentos da Brookfield Incorporações.

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