Composição da areia interfere na compra

Trator despejando uma grande quantidade de areia no solo.

A compra de areia na construção civil exige do profissional responsável atenção a algumas características do produto, como a granulometria e a composição mineral, já que cada obra necessita de um material com propriedades específicas.

“Dependendo da aplicação, é exigida uma composição granulométrica adequada, podendo conter mais ou menos grãos de uma determinada forma ou tamanho”, explica o engenheiro Antero Saraiva Junior, conselheiro da Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil (Anepac) e vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Areia do Estado de São Paulo (Sindareia).

“O comprador deve ter o conhecimento da curva granulométrica adequada à obra. E, antes da compra, solicitar uma análise em laboratórios especializados, para verificar se aquele produto atende à qualidade desejada”, complementa.

Medição apurada na composição da areia

Em geral, as construtoras compram areia de revendedores ou produtores por meio de pedidos precedidos de cotações de preços e programação de entrega. E, além da atenção para adquirir um material conforme a especificação, o profissional de compras deve optar por empresas com as quais já foram realizadas negociações anteriormente e que exista uma relação de confiança, principalmente no que diz respeito à quantidade entregue.

“Por ser um material vendido a granel, normalmente a conferência da exatidão da carga fica comprometida, fato que pode acarretar em desentendimentos entre fornecedor e cliente. Por isso, a melhor forma para a comercialização de areia é por meio de balança rodoviária, retirando do apontador o compromisso da aferição da carga”, afirma Saraiva.

“Caso no local não existam balanças rodoviárias para conferir a quantidade entregue, é possível fazer esta verificação por meio do cálculo de volume como referência, convertendo-se o peso através da densidade aparente”, indica o engenheiro.

Outras ações a serem executadas a fim de evitar problemas futuros é confrontar o material recebido com o que foi solicitado e conferir a qualidade, por meio de análises de amostras coletadas ao longo do período de fornecimento.

“Se o material recebido apresentar qualquer irregularidade, a primeira providência é não bascular a carga e imediatamente entrar em contato com o fornecedor, que deve enviar representante ao local da entrega para averiguação do ocorrido. Se o erro for de quantidade, a empresa deverá repô-la; se de qualidade, tem de substituir o produto”, diz.

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Distância encarece o produto

Saraiva aponta ainda outra situação que influencia na compra: a distância cada vez maior do produtor até o centro consumidor, fato que encarece o produto em função do frete. “A falta de políticas públicas que definam áreas produtoras em questão de reordenamento territorial potencializam este problema, obrigando o produto a viajar muitos quilômetros até o local da obra, criando um adensamento de tráfego nas estradas.

E como o material nem sempre é transportado por uma frota que respeita o limite legal do peso, há os riscos de acidentes e danos aos pavimentos”, menciona o profissional, acrescentando que a solução seria cuidar do potencial das jazidas, não as esterilizando através de um zoneamento territorial responsável. “No que diz respeito ao excesso de carga, os órgãos fiscalizadores devem exercer um controle ostensivo nas estradas”, adverte.

Qualidade na composição da areia

O mercado disponibiliza vários tipos de areia. “Por exemplo, as concreteiras usam granulometrias cada vez mais finas e arredondadas, facilitando o bombeamento e reduzindo o consumo de cimento”, afirma o engenheiro.

Segundo ele, para garantir a qualidade do produto, o avanço tecnológico na produção e o atendimento à demanda crescente do mercado por areias cada vez mais isentas de material pulverulento e com curvas granulométricas uniformes, os produtores estão se empenhando cada vez mais para atender as exigências da ABNT NBR 7211 – Agregados para concreto – Especificação.

“A norma define a areia como uma substância encontrada em forma natural ou proveniente da desagregação de rochas, com granulometria variando entre 0,075 a 4,8 milímetros. Praticamente todas as rochas são passíveis de resultar em areias pela desagregação mecânica. Porém, são mais favoráveis aquelas com altos teores de quartzo, uma vez que esse mineral restará como resíduo, após a decomposição física e/ou química. Um produto com qualidade inadequada pode provocar sérios danos à obra tais como segurança na resistência das estruturas ou imperfeições no acabamento”, finaliza Saraiva.


Redação AECweb / Construmarket


Colaborou para esta matéria

Antero Saraiva Junior – Engenheiro de produção formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e administrador de empresas pela Universidade Mackenzie. É membro do Conselho da Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil (Anepac).

Ocupa o cargo de vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Areia do Estado de São Paulo (Sindareia), e do Sindicato Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado de São Paulo (Sindipedras).

É diretor do Departamento da Indústria de Construção (Deconcic) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e atua como diretor das empresas Pedreira Sargon e Itaquareia Indústria Extrativa de Minérios.

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