As práticas de compras de materiais e sistemas pelo setor de suprimentos para as obras de retrofit diferem daquelas adotadas para novos empreendimentos.
Esses projetos podem envolver grande sofisticação de itens, elevando o custo se comparado à construção de um prédio similar, porém, com materiais de linha.
“A atualização de um edifício de escritórios, por exemplo, exige a instalação de recursos de tecnologia da informação, que se ampliaram enormemente nas últimas décadas. Esse é um dos sistemas mais complexos para aquisição, assim como para a implantação em construções mais antigas”, diz Caio Lima, comprador da construtora PPR.
Compras de TI
Os prazos de entrega são sempre muito apertados – para ‘ontem’, como dizemos – e isso inviabiliza qualquer tentativa de planejamento. ” Caio Lima
Aquisições de TI começam pelos componentes do sistema elétrico, que deve ser compatível com a maior demanda de energia para suportar, também, a automação inserida no prédio – catracas, monitoramento, acesso por cartão ou digital.
Caso o retrofit inclua a instalação de elevadores ou substituição dos antigos, o setor de suprimentos precisa administrar o tempo entre a liberação do alvará de funcionamento para os equipamentos e sua compra. “Desafio para o comprador, pois esse tipo de obra deve ser rápido”, completa Lima.
Prazos e logística no setor de suprimentos
Obras de retrofit geralmente possuem áreas limitadas para canteiro e estocagem de material, situação que vai exigir dos profissionais de suprimentos o estabelecimento de logística cuidadosa junto aos fornecedores.
“Os prazos de entrega são sempre muito apertados – para ‘ontem’, como dizemos – e isso inviabiliza qualquer tentativa de planejamento”, observa o profissional.
Nesse tipo de obra, não é possível estabelecer, como se faz num projeto novo, uma programação de entrega de concreto, areia e cimento, entre outros materiais.
Mesmo tendo o projeto em mãos, fica difícil ver muito lá na frente, pois tudo é pedido em cima da hora e precisa ser adquirido e entregue rapidamente.
“A compra de uma luminária fornecida por um único fabricante, por exemplo, pode levar até 40 dias para a entrega. O comprador tem de apresentar outras opções, mas que dependem de amostras e de aprovação do cliente, o que sempre demora”, relata.
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Em obras de retrofit, aproveita-se pouco do sistema de ar condicionado existente. Em geral, ficam apenas os equipamentos, e é trocada toda a tubulação. ” Caio Lima
Sistemas do setor de suprimentos
É comum que os projetos de retrofit que chegam à construtora peçam o mínimo possível de intervenção na estrutura do edifício. No entanto, a renovação das instalações prediais – elétrica, hidráulica, segurança, gás, entre outras – é sempre inevitável.
“A compra desses sistemas pode se tornar mais simples caso venha a ser completa, sem a necessidade de encontrar no mercado itens que vão se adequar aos antigos”, diz.
O desafio para o setor de suprimentos, muitas vezes, é localizar o fornecedor de materiais de acabamento, como revestimento de piso e parede, quando o projeto pede itens raros.
Segundo Lima, é o cliente e o arquiteto que decidem pela substituição dos materiais especificados quando são inexistentes. A construtora normalmente sugere opções próximas ao especificado, inclusive em termos de orçamento.
A compra de caixilharia e fachadas cortinas em obras de retrofit segue os mesmos padrões de uma nova obra. Segundo Caio Lima, o fornecedor é escolhido a partir da carteira da construtora, procurando amarrar vidros e esquadrias em um único contrato.
“Porém, se é necessário buscar custos ainda menores, junto com qualidade e prazo, adquirimos o vidro de indústria beneficiadora e os caixilhos do fabricante”, conta.
A maior parte do custo da atualização de um edifício recai sobre sistemas prediais, ar condicionado, elevadores e fachadas, atingindo cerca de 60% do valor total da obra. O restante corresponde aos materiais de acabamento.
“Em obras de retrofit, aproveita-se pouco do sistema de ar condicionado existente. Em geral, ficam apenas os equipamentos, e toda a tubulação é trocada. A central de refrigeração pode permanecer, desde que suporte a nova capacidade instalada, ou acrescenta-se uma nova condensadora. Mas, quando o objetivo é aumentar a eficiência energética do edifício, o projeto já pede a substituição integral do sistema por tecnologia atualizada”, explica Lima, acrescentando que, para o comprador, é mais fácil adquirir apenas peças novas complementares ao sistema já existente.
Além disso, a troca integral vai exigir da construtora providências que vão de um novo projeto a obras civis e custos com mão de obra
Redação AECweb / Construmarket
Colaborou para esta matéria
Caio Vinicius Mendonça Lima – Cursou Gestão de Logística Empresarial na Universidade Paulista (Unip). Atualmente, ocupa o cargo de comprador na Construtora PPR.
Tem experiência no gerenciamento e acompanhamento de todo o processo de compras, gestão de estoque e vivência no canteiro de obras.