Em municípios como São Paulo ou Rio de Janeiro, em que cresce o uso de lâmpadas de vapor de sódio na iluminação pública, a tecnologia do LED é inovadora.
“Mas para aquelas pequenas cidades que usam lâmpada incandescente nos postes, a fluorescente é essa nova tecnologia”, compara o consultor Paulo Candura, diretor da Luz Urbana.
Levantamento da Eletrobras de 2008 informa que entre os vários tipos de lâmpadas utilizadas na iluminação pública, no país, as de vapor de sódio lideravam com 62,93%, seguidas pelas de vapor de mercúrio com 31,84%.
“O mercado valoriza a solução em LED, porém há muito aprendizado pela frente”, diz Candura, que exemplifica tais dificuldades com o case da iluminação viária no entorno da Arena Corinthians, em São Paulo, projetada e em implantação pela Luz Urbana.
“Obra da Dersa com execução do Consórcio OAS – SA Paulista, o sistema conta com cerca de 600 luminárias, o equivalente a 550 postes e 65 mil metros de cabos, numa extensão de 2 quilômetros. Em tecnologia LED é o estado da arte. Porém, é grande a complexidade em termos elétricos e luminotécnicos”, diz.
A iluminação viária do entorno da Arena Corinthians tem um sistema com cerca de 600 luminárias, o equivalente a 550 postes e 65 mil metros de cabos, numa extensão de 2 quilômetros. Em tecnologia LED é o estado da arte. Porém, é grande a complexidade em termos elétricos e luminotécnicos. ”
Segundo o consultor, o sonho inicial de ter luminárias como fontes de luz pontuais, se revelou um pesadelo. “O que temos é um alto índice de ofuscamento, porque a fonte LED é, ao mesmo tempo, pontual e direcional, o que traz sérios problemas de ofuscamento e em vários casos distorção de cor: pela refração, o branco muda de tonalidade na mesma superfície, passando para amarelo e depois azulado. Na rede elétrica, está gerando problemas para o dimensionamento dos condutores e sistemas de proteção, além dos harmônicos. Além disso, é preciso cuidado para identificar no mercado o que é um equipamento de qualidade e o que é muito ruim, com extrema variação de preços”, explica.
Na fase de instalação das luminárias, é um produto que exige elevada precisão para evitar ofuscamento. “Comparando com a lâmpada de vapor metálico que pede muito cuidado no manuseio da luminária – não pode cair, bater, chacoalhar –, na de LED é preciso ter cuidado na montagem, especialmente no nivelamento e inclinação. Soma-se o fato de a luminária LED se apoiar numa estrutura metálica, que tem suas imprecisões, em cima de uma estrutura civil que depende da habilidade do operador e, por melhor que ele seja, resulta num nível de tolerância grosseiro. Nesse projeto, estamos levando até 25 minutos para regular uma luminária. São 600”, comenta Candura.
Iluminação pública em outras mãos
Em iluminação pública, a especificação dos materiais tem valor inestimável. ”
Porém, a transferência para as prefeituras dos ativos imobilizados pertencentes às distribuidoras de energia, públicas ou privadas, tornará complexa a tarefa de gestão da iluminação pública.
A determinação nasceu com a Resolução Normativa 414, de 2010, da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica -, alterada por duas outras normativas (479 de 2012 e 587 de 2013).
Assim, a partir de 31 de dezembro de 2014 passará a ser de responsabilidade dos municípios brasileiros manter, ampliar e modernizar o parque de iluminação pública. As regras estão detalhadas na resolução atual.
“O parágrafo 6º da resolução 587 diz que esses ativos têm que estar em condições de operação em conformidade com as normas da ABNT. Isto vai ser um problema enorme, porque desde que essa resolução foi publicada, as concessionárias têm feito apenas o trivial. Ou seja, a maioria dos parques que serão transferidos está sucateada”, alerta o consultor, lembrando que algumas cidades já são donas do parque, como São Paulo.
O grande gargalo, segundo ele, é que a maioria das prefeituras não tem sequer estrutura para administrar o trivial. “Imagine para tratar de um tema mais específico que é iluminação pública, e não dispondo de corpo técnico. Além disso, existem poucos profissionais competentes atuantes na área para prestar consultoria ou desenvolver projetos que auxiliem as prefeituras”, comenta.
O parágrafo 6º da resolução 587 diz que esses ativos têm que estar em condições de operação em conformidade com as normas da ABNT. Isto vai ser um problema enorme, porque desde que essa resolução foi publicada, as concessionárias têm feito apenas o trivial. Ou seja, a maioria dos parques que serão transferidos está sucateada. ”
Para receber o parque de iluminação pública, as prefeituras teriam em primeiro lugar que contratar uma empresa especializada para dois tipos de serviço: o cadastramento e o diagnóstico do parque, ou seja, quantas unidades efetivamente existem e em que condições se encontram e operam.
“Mas o tempo é curto. Para se fazer o levantamento do número de 10 mil pontos de iluminação para uma cidade de 80 a 100 mil habitantes – a regra é uma relação de 1 x 8 –, demora entre 60 e 90 dias.
E, apesar de todo o país já conhecer a resolução desde 2010, poucas prefeituras tomaram essa providência e terão que fazer as contratações para a prestação de serviços de iluminação pública a título emergencial, esbarrando na lei 8666”, diz.
Uma vez recebido o parque, cada prefeitura terá que administrá-lo. E uma das providências da gestão é a compra de material, o que exige especificação técnica.
“Se as prefeituras não têm corpo técnico, como vão fazer?”, indaga Candura, que vê nas PPPs – Parcerias Público-Privadas – para o setor, uma das possibilidades de solução. Porém, essa é uma formulação complexa e que, para se tornar rentável aos interessados, ficará cara para o consumidor.
“A equação financeira só vai fechar cobrando uma taxa de contribuição de iluminação pública mais elevada. Nos municípios em que, hoje, o valor da taxa não passa de R$ 5, terá que ser maior do que R$ 12”, conclui.
Baixe aqui um mapa comparativo de propostas para facilitar seu processo de cotação.
Redação AECweb / Construmarket
Colaborou para esta matéria
Paulo Candura – Engenheiro Mecânico formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) é diretor técnico da Luz Urbana Engenharia.
Foi diretor do Departamento de Iluminação Publica do Município de São Paulo – ILUME nos anos de 2009/2010, diretor da Divisão de Materiais do Departamento de Iluminação Pública do Município de São Paulo nos anos de 1997/2002 , membro do IESNA – Ilumination Engineering Society of North América, coordenador das Divisões 4 e 5 da CIE Brasil – Comissão Internacional de Iluminação (Commission Internationale de L’Eclairage) no Brasil, atuou como representante do Brasil do IEC– International Eletrotechnical Commission no sub-comitê SC 34D – Luminárias, é Membro das Comissões de Estudos CE 34.3 – Luminárias e Acessórios e CE. 34.4 – Aplicações Luminotécnicas e Medições Fotométricas, Membro do Grupo de Estudos de Iluminação Pública e Iluminação de Túneis da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas / COBEI – Comitê Brasileiro de Eletricidade, atualmente coordena o Grupo de Estudos da NBR-IEC 62722 – Requisitos de Desempenho Luminárias a LED.