Compre de acordo com a NBR 15575

Dois homens trabalhando em frente ao computador

Redação AECweb / Construmarket


A compra de materiais e serviços que vão conferir à edificação um padrão mínimo de desempenho, em obediência à ABNT NBR 15575, depende diretamente do que foi especificado pelos projetos. “Cabe ao setor de compras selecionar, verificar e atender as especificações”, afirma o tecnólogo Carlos Gilli, gestor de Suprimentos da RMA Construtora. Os itens que compõem cada um dos sistemas previstos pela norma técnica – estrutura, pisos, vedações, coberturas e instalações – pedem conhecimento e cuidados especiais, como a solicitação de laudos e ensaios realizados por laboratórios acreditados.

“De acordo com a NBR 15575, cabe aos fornecedores fornecer os índices de desempenho de seus produtos, através de laudos técnicos que apresentem as características de seus materiais. Porém, no Brasil, isto ainda é muito raro, salvo poucos setores, como os fabricantes de materiais para vedação tipo drywall e blocos cerâmicos normalizados”, comenta Gilli. Ele acredita que, devido à pressão que será exercida pela indústria da construção civil, por meio dos projetistas e construtoras, os fornecedores terão que se adequar à Norma de Desempenho. “Tomados os devidos cuidados – realizando as contratações e aquisições pautadas por considerações técnicas e não somente econômicas, adquirindo produtos e sistemas de procedência comprovada, testados e acreditados por órgãos e laboratórios competentes –, serão atendidos os requisitos de desempenho e vida útil de projeto”, diz.

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SISTEMAS

Carlos Gilli elenca aspectos fundamentais a serem observados pelos profissionais de compras para os itens que compõem cada sistema:

Estrutura


Dimensão dos espaçadores de cobrimento das armaduras; índices de cimento e componentes do concreto; os certificados do aço; verificações dimensionais e desvios padrão, de modo que cada item adquirido atenda as normas pertinentes (prescritivas), para que o desempenho da estrutura seja atendido em conformidade com o projeto.

Pisos


Composição dos materiais; granulometria; espessura; índices de isolação acústica; dureza e flexibilidade; durabilidade; resistência; índice de atrito; permeabilidade; resistência ao fogo e vida útil.

Vedações


Composição dos materiais; verificações dimensionais e desvios padrão; resistência mecânica; permeabilidade e estanqueidade; funcionalidade e durabilidade; resistência ao fogo; índices de isolação a acústica e de isolação térmica; materiais e fixação adequados.

Coberturas


Composição dos materiais; verificações dimensionais e desvios padrão; resistências mecânicas; permeabilidade e estanqueidade; resistência ao fogo; funcionalidade e durabilidade; índices de isolação térmica e de isolação acústica. Os itens devem atender as suas normas prescritivas para garantir que o sistema atinja sua vida útil de projeto e desempenho necessários.

Instalações Hidrossanitárias


O departamento de suprimentos deverá observar na aquisição de cada elemento das instalações hidrossanitárias ou na aquisição dos sistemas completos e de empreitadas, a observância às características técnicas solicitadas em projeto, assim como os materiais empregados. Na ampla maioria das aquisições, são materiais industrializados e produzidos por fornecedores de grande e médio porte, empresas de alto nível tecnológico acreditados por certificações ISO e pelo Inmetro. “Ainda assim, deverão ser corretamente especificados e contratados, para que não haja falta ou falha nas informações no ato da aquisição”, observa.

DESAFIOS

Segundo o coordenador de Suprimentos, as exigências mais difíceis de serem atingidas, principalmente pelas pequenas e médias construtoras, são aquelas referentes ao desempenho acústico. “Para atendimento desse requisito, não basta apenas seguir as normas pontuais de cada elemento. Não há uma fórmula regular, porque o tratamento acústico depende de inúmeras variáveis dimensionais, elementares, ambientais e geradoras, aplicadas em sistemas compostos, fornecidos e instalados por fornecedores diferentes. Além disso, os sistemas são constituídos por vários tipos de materiais complementares. É o caso do desempenho acústico de uma vedação, que dependerá do desempenho da parede/divisória em conjunto com a esquadria. Ambas demandam projetos específicos para o tratamento em cada ambiente de cada edificação, exigem inúmeros ensaios comprobatórios de desempenho e realizados por poucas empresas acreditadas, principalmente fora das grandes capitais”, alerta.

Gilli complementa dizendo que é de extrema importância que os profissionais de compras se especializem tecnicamente e também na norma de desempenho. “Um serviço inicia-se na solicitação ou requisição de compra, passando pelo próprio processo de aquisição e apenas finalizando na entrega e aplicação na obra. Mas, se os serviços ou materiais forem requisitados e comprados de forma incorreta, será improvável que as expectativas sejam atingidas, seja de prazo, custo ou qualidade ao final dos serviços”, comenta. Na sua opinião, a NBR 15575 veio para por um fim na compra ou contratação apenas por menor preço. “Claro que após adotadas as medidas necessárias e todos os produtos e serviços estejam equalizados tecnicamente e de acordo com as normas, passarão a ser válidas as questões econômicas, porém criar-se-á uma linha de corte mínima de qualidade, principal intuito desta norma”, ressalta.

Segundo ele, deverá ocorrer uma alta nos custos da construção, principalmente para empreendimentos de médio e baixo padrão. “Porém, é difícil afirmar que haverá alta nos preços das unidades, pois estes são influenciados por diversos outros custos do empreendimento e pelo mercado em geral”. Carlos Gilli finaliza, lembrando que a Norma de Desempenho levará o setor a se desenvolver e investir em inovação tecnológica, possibilitando a melhora na imagem da construção civil. “É a oportunidade de nos tornarmos uma indústria de alto desempenho, qualidade e credibilidade”, diz.


COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA

Carlos Eduardo de Souza Gilli – Formado pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo – FATEC/SP em 2005. Pós-graduando pela Escola Politécnica da USP em Tecnologia e Gestão de Produção de Edifícios. Atua na indústria da construção civil desde 2003, sendo sete anos em cargos de Produção. Há quatro anos, ocupa o cargo de Gestor de Suprimentos da RMA Construtora, atualmente em empreendimentos de edifícios residenciais e comerciais de alto padrão em São Paulo e Santa Catarina.

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