Conhecimento sobre o projeto facilita as compras

Silhueta de um homem segurando um capacete e um projeto, dentro dessa silhueta temos uma cidade.

O sucesso de um projeto depende de seu máximo detalhamento na fase de desenvolvimento executivo, assim como do conhecimento das especificações de materiais e sistemas pela área de suprimentos. Esse é o primeiro passo para que as compras respondam às necessidades impostas pelo projeto.

“Além disso, os profissionais devem ter uma ideia precisa dos prazos para as aquisições e a chegada dos materiais no canteiro, de maneira a atender ao cronograma da obra”, diz o professor doutor José Roberto Tálamo, da Universidade Federal do ABC e pesquisador do Laboratório de Gestão de Projetos da Universidade de São Paulo.

Uma terceira questão, tão importante quanto as anteriores, está relacionada ao levantamento das restrições financeiras do projeto e do que pode ser gasto, respeitando o orçamento.

Os profissionais devem ter uma ideia precisa dos prazos para as aquisições e a chegada dos materiais no canteiro, de maneira a atender ao cronograma da obra. ” José Roberto Tálamo

Diferentemente da visão de décadas atrás, quando o projeto era preparado a portas fechadas, hoje o responsável por suprimentos deve participar da sua elaboração.

E mais, cada projeto deve contar com uma equipe multifuncional, com pessoal de suprimentos alocado na área técnica e vice-versa, trocando informações e oferecendo suporte.

Na prática, o gerente de suprimentos deve ter profissionais das áreas de projeto e de engenharia subordinados a ele, com vistas a dar apoio à área de compras.

O mesmo vale no sentido inverso, de modo que o gerente de projetos e o de engenharia tenham pessoas de suprimentos participando de suas equipes.

“Por um período, esses profissionais acabam tendo dois chefes. Mas, sendo bem administrada, essa dinâmica funciona. Finalizado o projeto, as relações se desfazem, e cada um volta para sua área de origem”, acrescenta Tálamo.

Compras em que os prazos de fornecedores estão atrelados ao cronograma do projeto se revelam mais complexas do que aquelas que dependem de produtos de prateleira. Nesses casos, a área de suprimentos deve trabalhar com softwares de planejamento e de gestão.

“E contar com pessoal de apoio de outras áreas, porque, muitas vezes, o gerente de compras está desenvolvendo um produto com o fornecedor, o que exige conhecimento técnico. Novamente, é interessante que a construtora tenha uma cultura de trabalhar com equipes multifuncionais”, insiste Tálamo.

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Informações do projeto repassadas ao fornecedor

As informações técnicas de projeto também devem ser repassadas ao fornecedor. Ele precisa ter ciência do cronograma da obra, do estágio em que ela se encontra, da data em que deve entrar no canteiro e se irá complementar serviço não concluído por outro prestador. O fornecedor deve, ainda, proceder a uma avaliação in loco.

É interessante que a construtora tenha uma cultura de trabalhar com equipes multifuncionais. ” José Roberto Tálamo

“Nem sempre é uma medida muito confortável, principalmente quando se trata de obra realizada longe da sede da construtora e do fornecedor, pois implica custos com deslocamento e estadia”, diz Tálamo.

Contudo, para ele, a visita prévia ao canteiro é essencial para o fornecedor, já que cada obra tem uma dinâmica própria e muda a cada dia. É, portanto, conveniente que se torne uma rotina.

O docente lembra de uma situação ocorrida durante a construção das Torres Petronas, na Indonésia, considerada uma das grandes obras da engenharia mundial.

“Ao visitar o terreno, a companhia internacional de fundações constatou tratar-se de um solo pantanoso. A informação não tinha sido enviada ao fornecedor, que se viu diante da questão de como estruturar o edifício mais alto do mundo em cima de um solo mole. A empresa teve que entrar no projeto e reformulá-lo, com proposta técnica que acabou resultando em uma ótima execução”, relata, comentando que provavelmente a falha foi da sondagem de solo, superada pela solução desenvolvida pelo fornecedor.

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Redação AECweb / Construmarket


Colaboração técnica

José Roberto Tálamo – Engenheiro mecânico pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI-SP), com mestrado e doutorado em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). Pós-doutorando em Engenharia de Produção também pela Poli-USP.

É docente adjunto IV no Centro de Engenharias, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas (CECS-SP), junto ao curso de Engenharia de Gestão da Universidade Federal do ABC (UFABC). Possui artigos e trabalhos completos relativos à engenharia de produção publicados em periódicos nacionais e internacionais.

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