Apesar da importância de se investir em programas e certificações que comprovem as ações de responsabilidade social de uma empresa, essa prática ainda é desconsiderada pela maioria dos fornecedores no setor de construção civil.
Exceções são as grandes companhias, como siderúrgicas e cimenteiras, que, pela interferência de seus processos produtivos no meio ambiente, mostram interesse em adotar medidas e comprovar o que promovem no campo social. “Quando se trata de fornecedor de pequeno e médio porte, em geral, a área de suprimentos não tem sucesso na obtenção dessas comprovações”, diz Levi Vasconcellos, diretor de Operações da Libercon Engenharia.
Para construtoras que atuam no segmento de obras de primeira linha, muitas delas candidatas às certificações ambientais, como LEED e AQUA, a falta de certificação por parte das empresas fornecedoras revela-se um sério problema.
Contudo, segundo Vasconcellos, a informalidade já foi banida da construção civil brasileira, especialmente no rol de empresas estruturadas que fornecem materiais e serviços para grandes construtoras e incorporadoras.
Desvios de conduta podem acontecer, mas são pontuais, como em obras de grandes dimensões, como um canteiro de shopping center, que chega a ter até dois mil funcionários. “É aquele fornecedor que entra pela porta do fundo, com algum trabalhador sem registro ou exames de saúde documentados”, diz.
Quais são os objetivos da responsabilidade social na etapa documental?
O diretor destaca que a construtora deve assumir plenamente a responsabilidade nos contratos com os clientes, inclusive quando o caso resulta em processo judicial.
Afinal, é ela que contrata a mão de obra ou o subempreiteiro, mesmo quando o cliente faz o pagamento diretamente, o que é comum nas modalidades contratuais por preço máximo garantido ou administração pura. “A construtora não pode correr risco por conta de mão de obra informal, ou com documentação inadequada”, alerta.
Práticas devem ser comprovadas por meio de programas
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A construtora não pode correr risco por conta de mão de obra informal, ou com documentação inadequada Levi Vasconcellos dos Santos
Hoje, há diversas ferramentas disponíveis para checagem, antes da contratação, das informações dadas pelos fornecedores. É o caso da Serasa para cadastro financeiro e da Justiça do Trabalho com seu banco de dados sobre processos trabalhistas.
Depois da contratação, são exigidos dos terceiros vários documentos que comprovem a saúde dos trabalhadores. Em alguns casos mais específicos, como indústrias químicas ou farmacêuticas, são solicitados documentos complementares.
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São poucos os problemas enfrentados na etapa documental com as indústrias fornecedoras de produtos e sistemas, como concreto, estrutura metálica e pré-moldado, já que são de grande porte.
Mas é fundamental avaliar as condições dos alojamentos oferecidos pelos fornecedores à sua equipe, bem como as condições de transporte, para monitorar como as pessoas chegam até as obras. “Esses são aspectos recorrentes na prática de mão de obra escrava, inclusive de fabricantes que mantêm alojamentos para uma obra específica”, alerta.
Como promover a responsabilidade social?
A responsabilidade social passa pela comprovação de programas que investem na qualidade de vida dos funcionários, o que inclui práticas alfabetizadoras e atividades físicas. Levi Vasconcellos observa que tanto as construtoras quanto as empresas terceirizadas vêm investindo na alfabetização e tendo como resposta funcionários interessados em fazer cursos profissionalizantes.
Porém, atividades esportivas, como ginástica laboral, ainda estão pouco presentes nos canteiros. “Aqueles que contam com esses benefícios são mais motivados”, defende.
Redação AECweb / Construmarket
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Levi Vasconcellos dos Santos – É diretor de Operações da Libercon Engenharia. Anteriormente, atuou na área de Suprimentos da Hochtief do Brasil, na Terramoto Edificações, na Matec Engenharia, na Racional Engenharia e na Jaú Construtora.