Redação AECweb / Construmarket
Para manter uma relação saudável com seus fornecedores, tanto de materiais quanto de serviços, as construtoras devem contar com uma política de qualificação e avaliação dessas empresas. “Cada construtora tem o seu próprio método de qualificação e avaliação, sendo que muitas vezes o que conta é a experiência dos engenheiros da equipe que já trabalharam com determinado fornecedor”, afirma Fabíola Amarilis Santos Barreto, gerente de suprimentos na construtora Ribeiro Caram.
PROCESSO DE QUALIFICAÇÃO
Para a compra de materiais, o processo de qualificação envolve, além do levantamento de dados básicos como CNPJ, endereço e porte da empresa, a verificação de certificado do produto, laudos de ensaios e sua participação em programas da qualidade e certificação ISO.
Construtoras que realizam obras do programa Minha Casa Minha Vida checam, ainda, se o fornecedor é qualificado no Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H). “Se a indústria não participa do programa, sequer é cotada”, diz Barreto.
Dependendo do tamanho da construtora, existem departamentos responsáveis por visitar alguns canteiros onde o fornecedor está presente com seus produtos. “O técnico vai até a obra e verifica o serviço em execução, inclusive entrevistando o engenheiro responsável para saber sobre a qualidade e aplicabilidade do material”, completa.
Quesito importante na qualificação diz respeito à quantidade de material desperdiçado, pois não adianta comprar determinado item por um preço baixo se os custos irão aumentar no futuro devido às perdas. As construtoras podem ainda submeter os produtos a ensaios em laboratório, a fim de atestar sua qualidade. Entre os materiais mais testados por iniciativa do comprador estão blocos de concreto, argamassas e cerâmica. “Já as esquadrias metálicas dispensam ensaios quando a obra conta com consultor, que indica o melhor fornecedor baseado em seus conhecimentos e experiências. No caso de empresa nova, esse profissional faz visitas à fábrica para dar o seu aval”, destaca a engenheira.
A qualificação de fornecedor de serviço segue critérios próprios, começando pela averiguação da formalidade da mão de obra de terceiros. “Esse procedimento é realizado através de uma lista de documentos solicitada junto ao fornecedor”, fala Barreto. Muitos dos subempreiteiros não têm seus funcionários registrados e isso acaba gerando problemas para a construtora, que é corresponsável. “Por isso, é importante solicitar a ficha de todos os funcionários que estão entrando na obra”, recomenda.
Para conhecer melhor um novo fornecedor, a construtora, por meio de seu corpo técnico, também pode visitar obras nas quais ele esteja atuando. “É mais difícil que as grandes construtoras contratem um fornecedor que está estreando no mercado. É preciso que ele tenha, pelo menos, uma obra para comprovar sua capacitação técnica”, diz.
Baixe aqui um guia de melhores práticas na gestão de suprimentos da construção civil.
PROCESSO DE AVALIAÇÃO
A etapa de avaliação é diferente para fornecedores de materiais e de serviços. “O fornecedor de material é avaliado através de nosso sistema de gestão, a partir da nota fiscal. Por exemplo, chegou um revestimento cerâmico no canteiro. Quando esse documento for lançado no sistema, a obra classifica a entrega dando uma nota com base em alguns quesitos. Entre eles, se o fornecedor entregou o material no prazo e em conformidade com aquilo que foi comprado – pode ocorrer de comprarmos uma cerâmica amarela e ele entregar vermelha”, explica.
Na avaliação de fornecedores, todo empreiteiro que está trabalhando na obra deve ser avaliado. A sugestão de Barreto é que o engenheiro envie, mensalmente, um formulário preenchido, no qual ele avalia quesitos referentes aos serviços do mês anterior. Aí entram questões como qualidade, prazo, atendimento, segurança e limpeza. Cada um deles deve ter um peso, sendo que qualidade, prazo e segurança são prioritários – o item qualidade é checado independentemente dos demais. A média da soma das notas, mais aquela obtida pelo quesito qualidade, tem que ser superior a 7 para alcançar o nível satisfatório. Quando atinge boas notas frequentemente, a tendência é que o fornecedor se torne parceiro da construtora. “Ainda assim, para que nós, de suprimentos, possamos manter uma concorrência sadia, sempre vamos ao mercado em busca de novos fornecedores”, comenta Barreto.
A avaliação de fornecedor de produtos importados deve seguir os mesmos critérios. A engenheira conta que determinado projeto com o qual trabalhou exigia uma porta fabricada fora do país. A empresa fornecedora foi submetida ao processo de avaliação habitual, assim como qualquer outra empresa nacional. “Só foi usado o material importado por ser uma especificação de projeto”, ressalta. Em casos como esse, independentemente da origem, o fato de o arquiteto indicar o produto já é meio caminho andado para a área de suprimentos. Em geral, trata-se de material de acabamento e de total confiança do arquiteto.
A engenheira finaliza reforçando que é importante o fornecedor participar de programas de qualidade para ser bem avaliado. É uma segurança para quem está contratando. “Caso contrário, nós fazemos os ensaios para comprovar a qualidade do material.”
COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA
Fabíola Amarilis Santos Barreto – Graduada em Engenharia Civil – Universidade Presbiteriana Mackenzie (2001). Pós-graduada em Administração de Negócios – Universidade Presbiteriana Mackenzie (2003) e em Supply Chain e Logística Integrada – Fipecafi-USP (2006). É gerente de Suprimentos da construtora Ribeiro Caram, cargo que também ocupou na construtora Hudson. Antes, foi coordenadora da área na Gafisa.