Logística reversa funciona melhor a quatro mãos

Entenda como a logística reversa pode ser importante para economizar dinheiro nas obras.
Uma gangorra onde um lado tem um saco de dinheiro e no outro lado, algumas caixas.

A área de compras e suprimentos tem papel fundamental na escolha de fornecedores para estabelecer uma cadeia de logística reversa. “As empresas são obrigadas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos a fazer o retorno das embalagens. Porém, muitas não estão cumprindo a norma”, lamenta o professor Paulo Roberto Leite, presidente do Conselho de Logística Reversa do Brasil (CLRB), ressaltando que a responsabilidade é da indústria que entrega o material embalado no canteiro.

O não cumprimento da lei 12.3015/10, que regula a logística reversa também dos materiais, tem razões diversas, que vão do desconhecimento até a falta de estrutura das empresas fornecedoras.

Por isso, o ideal é que construtoras e indústrias fornecedoras estabeleçam um acordo de colaboração, de maneira que todos os materiais não utilizados possam ser reaproveitados.

Na construção civil, o desperdício é colossal. A arquitetura precisa pensar o processo construtivo com rigor, para que não sobre muito material. ” Paulo Roberto Leite

Logística reversa e não ao desperdício

“Na construção civil, o desperdício é colossal. Defendo que, muito mais do que o setor de compras, é essencial o comprometimento da área de projetos. A arquitetura precisa pensar o processo construtivo com rigor, para que não sobre muito material”, recomenda.

O especialista esclarece que o sistema operacional da construção civil deveria ter muito mais planejamento do que o atual, no Brasil, para evitar o desperdício não só de insumos, mas também de tempo e de recursos humanos – condição que reduz a sua eficiência.

A logística reversa é um dos fatores-chave para um planejamento globalmente melhor.A Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê o retorno ou destinação adequada de amplo leque de produtos e, ao longo do tempo, são incluídos outros tantos.

O setor de lâmpadas, por exemplo, estabeleceu um acordo setorial para as fluorescentes, diante do elevado grau de contaminação do meio ambiente pelo mercúrio que contêm, além dos riscos para a saúde humana.

“Tanto importadores quanto fabricantes se comprometeram, em acordo com o governo, a coletar e reciclar o produto depois do uso. Trata-se de uma ação recente e ainda difícil de monitorar”, diz o professor.

Baixe aqui um guia de melhores práticas na gestão de suprimentos da construção civil.

Parcerias

Ao comparar propostas, o setor de suprimentos das construtoras deve considerar como requisito o compromisso do fornecedor com a logística reversa. E, também, de poder de barganha das partes e do estabelecimento de uma política de parceria.

A melhor solução é dividir os custos, o que fica menos pesado para a empresa e o fornecedor. ” Paulo Roberto Leite

Se, de um lado, a lei é clara quanto à obrigatoriedade de o fornecedor retornar suas embalagens, de outro, é comum que o custo de destinação de boa parte desses materiais recaia sobre a construtora.

Mas, considerando-se a questão da penalização e do bom entendimento entre as empresas, o professor propõe que os dois lados adotem uma visão moderna de negociação, de caráter colaborativo, com o objetivo de apurar os problemas e encaminhamentos a serem dados às embalagens e aos produtos.

“A melhor solução é dividir os custos, o que fica menos pesado para a empresa e o fornecedor. Ambos podem, ainda, pensar em novos tipos de embalagem, de maneira que o retorno seja menor ou que não precise ser descartada. Esse é o caminho”, defende, mesmo admitindo que nem toda empresa, aqui ou no exterior, tem a cultura da parceria – o que dificulta a boa operação da logística reversa.

Porém, aquelas que desfrutam de maior poder de mercado devem ensinar esse tipo de conhecimento aos seus fornecedores. E completa:

“É uma forma de evoluir para um sistema mais honesto de política ambiental”.


Redação AECweb / Construmarket


Colaboração técnica

Paulo Roberto Leite – Engenheiro industrial, com pós-graduação pela FGV-SP, mestrado em Administração de Empresas pelo Mackenzie, executivo de empresas multinacionais, empresário industrial e comercial.

É professor e pesquisador na Universidade Mackenzie, onde criou o curso de pós-graduação em Logística Empresarial. Professor convidado em diversas instituições, tais como COPPEAD UFRJ; USP; FGV; FIA-USP.

Autor do livro “Logística Reversa – Meio Ambiente e Competitividade”, Editora Prentice Hall; Prêmio Troféu Cultura Econômica 2011, do Jornal do Comércio de Porto Alegre.

Mais de 30 artigos em anais de congressos e revistas acadêmicas, nacionais e internacionais; mais de 50 artigos em magazines especializados; mais de 70 palestras sobre logística reversa e apreciável número de entrevistas. Presidente do CLRB – Conselho de Logística Reversa do Brasil, conferencista, articulista e consultor na área de logística reversa.

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