Noções de macroeconomia e domínio da matemática financeira são vitais para a área de Compras de Suprimentos das construtoras. Os profissionais devem acompanhar, diariamente, as oscilações e tendências da economia do país e macroeconomia do mercado em que a empresa atua, para o bom exercício de sua função.
“Observo que muitos engenheiros desconhecem o que tem no estoque, bem como os volumes, os processos e a capacidade produtiva da construtora onde trabalham. Têm dificuldade e não são preparados para fazer um payback”, alerta o professor Celso Luchezzi, da Universidade Presbiteriana Mackenzie e titular da Luchezzi Consultoria e Treinamentos, ilustrando, ainda, com uma ocorrência comum: atraídos por promoções feitas frequentemente pela indústria, os compradores fecham a aquisição de grandes volumes que ficarão estocados por meses, até o momento de sua utilização na obra. Porém, não é avaliado o custo desse armazenamento.
“De nada adianta antecipar a compra, por exemplo, com a justificativa de que o dólar está alto ou baixo. Essa cultura está errada, afinal, estoque não é bom para ninguém, especialmente em tempos de crise econômica, quando o ideal é não comprar um prego a mais do que o necessário, de acordo com a macroeconomia”, comenta.
Observo que muitos engenheiros desconhecem o que tem no estoque e os volumes, os processos e a capacidade produtiva da construtora onde trabalham. ” Celso Luchezzi
Há, ainda, a prática recorrente de comprar pelo menor preço de fornecedor que não tem volume de produção suficiente para entregar no prazo acordado, prejudicando a obra.
“Mesmo que obrigue a obra a parar por duas horas, é custo. Onde estão as análises financeiras? Tudo isso é custo. Talvez fosse melhor optar pelo fornecedor que vende mais caro, pois tem o frete embutido, e é confiável na entrega”, sugere.
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Macroeconomia – Na ponta do lápis
O comprador deve se dedicar a alguns cálculos matemáticos muito simples para chegar ao payback, considerando dados como o valor atual de determinado material, valor futuro, pagamento antecipado ou postergado. Mais complexo do que fazer as contas, porém, é aplicar a matemática financeira na cadeia de abastecimento.
A boa prática manda que o comprador pense a empresa e seus projetos de maneira macro. “Em vez de negociar o fornecimento para uma única obra, deve conhecer tudo o que está sendo produzido e contratar para todos os empreendimentos, desde que as especificações sejam as mesmas”, diz. A indústria, por sua vez, depende do cronograma das etapas das obras para produzir e entregar nos prazos negociados.
Estoque não é bom para ninguém, especialmente em tempos de crise econômica, quando o ideal é não comprar um prego a mais do que o necessário. ” Celso Luchezzi
Diálogo constante
A área de suprimentos e a de engenharia precisam se comunicar diariamente, atualizando-se em relação às mudanças de cronograma do canteiro.
Isso é extremamente saudável, pois assim são mapeadas as necessidades não previstas no projeto. Entendendo o que acontece no dia a dia da obra, a equipe de suprimentos consegue bons resultados com os fornecedores.
É o caso de negociar três entregas de azulejos em vez de uma carreta lotada, pagando os fretes, mas contendo o desperdício no canteiro. O engenheiro civil não tem, em sua formação regular, a disciplina de matemática financeira, um conhecimento que pode ser obtido em treinamentos feitos por empresas especializadas ou no SindusCon.
“O curso de engenharia de produção oferece conteúdo de qualidade nessa área – razão pela qual as grandes construtoras já identificam esse profissional como estratégico em seus projetos”, comenta, aconselhando que a área de suprimentos se relacione com a cadeia de abastecimento como parceira, inclusive a ponto de possibilitar o desenvolvimento de um produto melhor.
Redação AECweb / Construmarket
Colaboração técnica
Celso Luchezzi – Mestre em Engenharia de Materiais (Mackenzie), tem MBA em Logística Empresarial (FGV) e é tecnólogo em Processos de Produção (FATEC) e matemático.
Atua como diretor na Luchezzi e Treinamentos e Consultoria em Logística e SCM e como consultor internacional. Escreve sobre Logística Reversa na Construção Civil.
Professor universitário de instituições como Mackenzie, Fatec, Anhembi-Morumbi, INPG e BI International para cursos de graduação, pós-graduação e MBA. Professor convidado do CIESP, Setrans e SindusCon-SP e Aslog.
Possui experiência em planejamento e controle de estoques; redução de estoques e de custos produtivos; logística, SCM e PCP; melhoria de processos; armazenamento de materiais e dimensionamento da capacidade produtiva e 5S em empresas de diversos segmentos e também na construção civil.