Mão na massa do começo ao fim

Homem que trabalha em uma obra, segurando alguns blocos de concreto.

O setor de compras de uma construtora prepara as aquisições dos grandes itens da obra muito antes da implantação a mão na massa. Segundo Fábio Zeni, comprador da WDS Construtora e Incorporadora, a parceria com a área de produção acontece durante todo o processo.

O gestor de compras participa do desenvolvimento da obra, visando garantir, além da boa execução, que os preços dos insumos fiquem dentro do orçamento, evitando prejuízos.

“Como um empreendimento leva dois anos para ficar pronto o planejamento de custos e a logística de entrega de materiais precisam de muito controle para garantir o lucro da empresa”, afirma.

Ele explica que, na fase de projeto, em parceria com o engenheiro de obras e a participação da diretoria, faz o orçamento para levantar o custo total da construção.

A planilha de custos e a logística de materiais são seguidas tanto pelo departamento de compras quanto pelo de obras. Segundo Zeni, tudo é muito detalhado e o sistema de comunicação entre as equipes precisa funcionar muito bem para evitar erros.

Processo de compra

Concluído o planejamento e o orçamento, começam as negociações visando a aquisição de materiais. Praticamente todas as negociações das grandes compras, como elevadores, concreto, aço, são realizadas ainda na fase de projeto e visam atender todas as necessidades da construção. “Primeiro fazemos as compras visando implantar o canteiro de obras.

Começamos com a contratação da mão de obra, serviços de escavação e terraplanagem, contratação de empresas especializadas em bota-fora de terra e materiais inservíveis”, informa, ao explicar que, nesse momento, também realiza a compra da madeira para as fundações e as telhas de zinco para cercar a obra.

A partir daí, começa a negociação dos blocos, do concreto e do aço. As compras são para a obra toda. Negocia, por exemplo, a aquisição de nove mil metros cúbicos de concreto que serão entregues em etapas, conforme a necessidade do canteiro de obra.

“Para não haver falhas, os fornecedores exigem uma planilha contendo a estimativa de consumo total da obra e entregam os materiais conforme nossa orientação. A compra de aço e dobra também é feita seguindo o mesmo princípio”, diz.

Compra antecipada garante bom preço

Fábio Zeni conta que para construir a estrutura faz a locação das formas de madeira e contrata empresas que fazem o escoramento metálico das lajes. “Estas compras são definidas no projeto e entregues conforme a obra vai sendo executada”, explica.

Depois, sua preocupação se volta para a compra de pisos e revestimentos, cujo contrato é também fechado antes do início da obra para conseguir bons preços.

“Compramos o volume previsto para todos os andares e fazemos uma espécie de carnê, que vai sendo pago mês a mês. Quando começamos a receber esse material, metade do valor já está pago. Isso cria uma relação de parceria com o fornecedor, garantindo a entrega”, ensina.

Baixe aqui um mapa comparativo de propostas para facilitar seu processo de cotação.

Mão na massa, mas sem estoque

A compra dos demais insumos para acabamento, como louças e metais sanitários, fica para o final da obra, evitando a movimentação de materiais no canteiro, que pode provocar quebras.

Nesse caso também compra o lote todo e a entrega é feita conforme as necessidades de cada andar. No caso de fios e cabos elétricos, Zeni diz que também tenta fechar pacotes, mas evita fazer estoques na obra, pois há risco de roubo. “O máximo que estocamos são blocos cerâmicos, mesmo assim para um período de 15 dias”, informa.

Planejamento de compras influencia entrega

Apesar de comprar praticamente tudo com entrega futura, Zeni afirma que nunca teve problemas com fornecedores de materiais quanto ao cumprimento de prazos e quantidades.

Segundo ele, a filosofia da WDS é colocar a mão na massa e efetuar o pagamento dos insumos antes mesmo da entrega. Com isso, além de conseguir bons preços tem a garantia de fornecimento.

“Se for feita uma pesquisa em Santos será possível verificar que a única obra em dia na cidade é a da WDS. O prédio residencial que estamos finalizando no Canal 7, na Ponta da Praia, cuja previsão de entrega é janeiro de 2013, ficará pronto antes e será entregue em novembro próximo”, comemora.

Mão na massa e lucro depende do bom gerenciamento de custos

Ele lembra que o lucro de um empreendimento é definido na fase de projeto, mas que em dois anos – período de construção de um edifício – muita coisa pode mudar.

Hoje, segundo informa, não dá para prever o que irá acontecer com produtos de cobre, cuja variação de preço no mercado tem sido muito grande. Quando o custo de algum material fica acima do previsto, é preciso encontrar uma forma de compensar em outro item.

Como exemplo, diz que recentemente fez uma compra de PVC com abatimento em torno de 12% sobre os preços que pagou há dois anos pelo mesmo produto em outra obra.


Redação AECweb / Construmarket


COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA

Fábio Zeni é comprador e atua no setor da Construção Civil desde 1989. Há quatro anos responde pelo setor de compras da WDS Construtora e Incorporadora.

Fundada em 1993, a WDS é responsável pela incorporação e construção de empreendimentos imobiliários residenciais e comerciais na cidade de São Paulo e no litoral paulista.

Ao longo desse período construiu 93.396,27m², totalizando 676 unidades entregues e, está construindo 59.583,34m², em um total de 460 apartamentos.

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