A forma como uma construtora se relaciona com seus fornecedores vem se tornando, no cenário atual, uma questão cada vez mais estratégica. Em muitas empresas, o modelo tradicional vem se tornando obsoleto e sendo substituído por um modelo de parceria com os fornecedores, que envolve desde a capacitação de profissionais – através de cursos e importação de bens de produção –, até a estruturação do negócio do fornecedor.
“A colaboração e o desenvolvimento de fornecedores é o que dá o tom, hoje, na relação da empresa com nossos fornecedores”, destaca Luiz Ricardo Buff, diretor de Engenharia da Racional Engenharia.
Com papel-chave na estruturação da parceria com fornecedores, a área de Compras e Suprimentos tem função integradora com fornecedores e, internamente, com as áreas de Qualidade, Segurança e de Meio Ambiente. Como atualmente as compras da empresa são descentralizadas, ou seja, feitas para cada projeto, é fundamental que haja um controle por parte do setor. “Nossa área de compras é responsável pela governança de cada um dos projetos, para garantir que estamos usando a melhor cadeia nos vários segmentos de obras em que atuamos”, sublinha Buff.
“A colaboração e o desenvolvimento de fornecedores é o que dá o tom, hoje, na relação da empresa com nossos fornecedores”, completa.
CONHECENDO AS LIMITAÇÕES DOS FORNECEDORES
Estudo preparado pela Racional Engenharia mostra que a cadeia de abastecimento enfrenta dificuldades, que limitam a produtividade e a qualidade de seus próprios processos produtivos. “Os principais desafios dos fornecedores estão na carência de mão de obra qualificada; empresas pouco profissionalizadas e com fragilidades de gestão; e impacto ambiental alto, com destaque para o consumo de recursos naturais, geração de resíduos sólidos, emissão de gases de efeito estufa e desperdício de materiais, entre outros aspectos”, explica Buff.
Com base nesse diagnóstico, a empresa desenvolveu um plano estratégico de gestão da cadeia produtiva e seus stakeholders, que abrange um mapa de riscos e oportunidades. Foram gerados diretrizes e planos de ação voltados aos fornecedores, especificamente aos instaladores. “As indústrias estão com seus processos produtivos mais controlados. Os maiores problemas de produtividade ocorrem na obra, razão pela qual buscamos industrializar ao máximo os sistemas construtivos”, afirma o diretor.
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DESENVOLVIMENTO DE FORNECEDORES FORA DO EIXO RIO/SÃO PAULO
Nas obras fora do eixo Rio/São Paulo, o desenvolvimento de fornecedores locais é recorrente, principalmente naquelas que buscam certificações ambientais. Há restrições do selo LEED, por exemplo, que afetam o prazo de fornecimento ou exigem o desenvolvimento de fornecedores.
Buff conta que já trabalhou com fornecedores de madeira que tiveram de adequar sua produção ao selo FSC para garantir pontuação junto ao Green Building Council (GBC), o que foi efetivado durante o projeto. “Isso levou a um replanejamento quanto ao momento em que essas marcenarias estariam prontas para entrar na obra”, relata.
As colas com baixo índice de compostos orgânicos voláteis (VOC) para fixação de laminados melamínicos, por exemplo, reduzem a produtividade e aumentam o prazo no canteiro. O tempo de colagem e secagem é maior, o que já levou a Racional Engenharia a ter de contratar ventiladores para acelerar o processo.
Diante da grande amplitude da cadeia produtiva da construção civil, a transição entre relacionamento tradicional e o de parceria ainda não é uniforme na construtora. “Temos fornecedores de diferentes portes e atuações; uns mais e outros menos estruturados ou com vontade de acertar e crescer. Não dá ainda para dizer que as parcerias ocorrem com 100% dos fornecedores, mas com certeza a relação tradicional ficou no passado”, conclui Luiz Buff.
Redação AECweb / Construmarket
Colaboração técnica
Luiz Ricardo Buff – Engenheiro formado pela Unicamp, com especialização em Gerenciamento de Projetos pela FGV, certificado PMP pelo PMI, MBA na FDC e membro RICS com certificado em Leadership for Real Estate Development.
Iniciou a carreira na área de compras da Mercedes-Benz, gerenciando as contratações para construção da Fábrica em Juiz de Fora (MG). Trabalhou também na Embraer como administrador de contratos para desenvolvimento de novas aeronaves; na Thyssenkrupp como Gerente de Projetos no Qatar; e na Método nas áreas de Suprimentos, Comercial Engenharia e Operações.
Com experiência internacional nos Emirados Árabes, Panamá, Uruguai, Argentina, Qatar e Chile, atua hoje como Diretor de Engenharia na Racional Engenharia, empresa fundada em 1971 para atuar em engenharia e construção civil em todo o território nacional, pautando sua atuação pelo alto desempenho, desde a etapa de pré-construção até a ocupação definitiva dos empreendimentos.
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