O comércio de materiais de construção em todo o país é fonte de abastecimento das construtoras, exceto dos itens críticos como cimento, areia, concreto e aço. Para Cláudio Conz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), é fundamental ter um bom parceiro que vai garantir a logística e a entrega no local e prazo estipulados pela construtora, o que a indústria só faz quando se trata de grandes volumes ou materiais específicos. “Logística é o grande serviço que o varejista presta, ao estocar para o cliente”, afirma.
NOVOS CENÁRIOS DA CONSTRUÇÃO
Se no boom da construção civil, indústria e comércio tiveram dificuldades para atender a forte demanda, hoje, com a economia recessiva, a situação se repete. “Alguns comerciantes repõem os estoques com maior velocidade, outros não. A própria indústria de materiais está com estoques baixos, produzindo apenas o que vende”, conta. Os fabricantes trabalham com prazos muito curtos, tendo de viabilizar rapidamente a produção e a entrega.
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Diante desse novo cenário, Conz sugere aos compradores das construtoras o estabelecimento de parceiros estratégicos para garantir a produção. A parceria se estende à cadeia produtiva do setor, pois os revendedores, antes de discutir preço, querem a garantia da entrega no prazo pela indústria fornecedora.
Logística é o grande serviço que o varejista presta, ao estocar para o cliente Cláudio Conz
Dados da Anamaco revelam que 96% das construtoras são de pequeno e médio porte e, segundo Conz, não há um município brasileiro que não tenha uma pequena ou média construtora que vai se abastecer do comércio local. Atualmente, o universo de lojas de materiais de construção chega a 138 mil estabelecimentos no país. “O que o construtor quer é o material entregue no dia em que precisa dele na obra. E aí ninguém bate o varejista que, além de estocar para a construtora, vende no volume que for solicitado, desde duas ou três peças de louça sanitária, por exemplo, até o material suficiente para um prédio inteiro”, ressalta.
As construtoras respondem por 23% das vendas do comércio de materiais, e o restante continua absorvido por reformas, ampliações, ou seja, o mercado ‘formiga’. “Este ano, o percentual referente às construtoras deve cair”, prevê Cláudio Conz.
O que o construtor quer é o material entregue no dia em que precisa dele na obra Cláudio Conz
Para Conz a compra dos chamados materiais críticos diretamente da indústria sofrerá o impacto, nos próximos cinco anos, da tecnologia das impressoras 3D. “O concreto, entre outros itens, será produzido pelas impressoras, acelerando o processo de industrialização do setor, em que a construtora será mera montadora, como ocorre na indústria automobilística”, pontua.
Para o presidente da Anamaco, neste novo momento as compras vão se simplificar e não haverá interferência na atuação das lojas de materiais. “A lógica é que, se forem construídas um milhão de casas hoje, elas serão nossos clientes nos próximos 30 anos. Tudo o que é produzido se transforma em reserva de mercado para o varejo de material de construção”, diz. Em geral, 90 dias após receber o imóvel, o proprietário faz algum tipo de modificação, da pintura à substituição de peças ou mesmo ampliação.
A COMPRA FEITA NA INDÚSTRIA
Quando uma obra trabalha com especificação fechada de determinados materiais, a compra é feita na própria indústria. Já nas obras de luxo de edifícios residencial ou corporativo, o acabamento personalizado acaba direcionando as compras para o varejo – desde o revestimento cerâmico até a tinta, louças e metais sanitários.
Redação AECweb / Construmarket
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Colaborou para esta matéria
Cláudio Elias Conz – Graduado em Comunicação Social com ênfase em Relações Públicas pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduado em Gestão Empresarial Avançada para o Segmento de Material de Construção pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Possui MBA Profissional em Varejo de Material de Construção pela FAAP.
Também possui curso de Gestão Empresarial pela Sorbonne Unniversité Paris I e é Conselheiro Certificado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). É presidente da Anamaco, do Sincomaco e do IBSTH. Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CDES), também integra o Conselho do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e o Conselho Curador do FGTS, representando a Confederação Nacional do Comércio.
É integrante do Grupo de Acompanhamento da Crise, do Governo Federal, diretor da Fecomércio de São Paulo e presidente da OAF (Organização de Auxílio Fraterno).