Parcerias entre construtoras e fornecedores são essenciais para se estabelecer uma relação de confiança, que seja saudável e sustentável na construção civil. Para o engenheiro Angelo Labbadia Junior, responsável pelo departamento de suprimentos da Eztec, as parcerias são estabelecidas após as partes deixarem claros seus objetivos técnicos e princípios.
“Com base na capacidade produtiva e qualitativa do fornecedor, e na demanda por parte da construtora, os dois lados buscam conservar e cumprir seu papel, monitorando as alterações de mercado e mantendo as condições acordadas independentemente de especulações”, afirma.
Atualmente, as parcerias não ficam restritas somente à relação entre construtoras e fornecedores de materiais e componentes, estendendo-se também aos prestadores de serviços, projetistas e assessorias de diferentes segmentos.
“De certo modo, todas essas áreas visam estabelecer um abastecimento contínuo dos canteiros, com valores controlados, ou até mesmo fornecimento de insumos e mão de obra para canteiros onde as obras ainda não foram iniciadas. Isso resulta em uma melhor assertividade no controle de valores orçamentários e menor desvio de preços projetados versus realizados”, explica Labbadia.
Com base na capacidade produtiva e qualitativa do fornecedor, e na demanda por parte da construtora, os dois lados buscam conservar e cumprir seu papel, monitorando as alterações de mercado e mantendo as condições acordadas independentemente de especulações Angelo Labbadia Junior
As parcerias podem ocorrer ainda com os fornecedores dos chamados itens críticos, aqueles com maior peso na curva ABC. Em função dos volumes consumidos e do peso que exercem nos orçamentos, esses materiais têm característica de longa duração, geralmente fornecidos por indústrias com alta produtividade, como a de aço e cimenteiras.
“Essas empresas têm interesse em ter um contrato contínuo para escoamento da sua produção, tornando relativamente mais fáceis as negociações”, completa.
Ao contrário do que ocorre com os materiais que mais pesam no orçamento de uma construção, é praticamente inviável estabelecer relações mais estáveis com fornecedores de itens de menor consumo. Apesar de não ser impossível, essas relações podem deixar a desejar quanto aos cronogramas de atendimento.
As parcerias podem ser estabelecidas também com lojas do varejo e atacado, segmento que assegura uma reposição rápida ou permite a aquisição de algum material com exigência de prazo imediato.
“O setor se mostra bastante ágil e prestativo e apresenta a facilidade de contar com quase todos os insumos em um só local. Isso para a área de manutenção é bem interessante”, comenta o engenheiro.
TROCAR DE FORNECEDOR PODE SER NECESSÁRIO
Apesar de as parcerias serem importantes para o setor de suprimentos das construtoras, podem surgir momentos em que se torna necessário procurar um novo fornecedor. Nessas situações, é importante deixar claro ao antigo parceiro o motivo da escolha, que pode ser uma especificação determinada em projeto ou uma preferência do cliente por outro fabricante.
Pode, ainda, acontecer de o fornecedor não ter condições de atender dentro do cronograma do canteiro, seja porque precisa atender outros clientes ou por questões de logística, como a localização do empreendimento. “De qualquer forma, a escolha de outro fornecedor deve sempre ser informada ao parceiro daquele item, antes da definição”, aconselha o engenheiro.
Essas empresas têm interesse em ter um contrato contínuo para escoamento da sua produção, tornando relativamente mais fáceis as negociações para estabelecimento da parceria Angelo Labbadia Junior
DE OLHO NO MERCADO
Mesmo quando se tem relações de parceria estabelecidas, a prática é orçar com várias empresas fabricantes de determinado material ou sistema. Essa iniciativa garante às construtoras monitorar o mercado de forma preventiva e proativa.
Assim, qualquer desvio positivo ou negativo, seja de prazo, preços ou qualidade, é detectado e colocado em discussão. “Desta forma, evitam-se impactos de qualquer natureza aos orçamentos de empreendimentos em análise de viabilidade e em fase de construção”, destaca Labbadia.
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ENVOLVIMENTO PODE IR ALÉM DAS RELAÇÕES COMERCIAIS
As parcerias entre construtoras e fornecedores, às vezes, não ficam restritas somente às relações comerciais. Como o fornecedor nacional precisa estar em constante evolução se quiser concorrer com os produtos importados, tanto para consumo interno quanto para exportação, algumas construtoras acabam investindo na qualificação de seus parceiros com a oferta de cursos e treinamentos no exterior. “Até o momento, capacitamos fornecedores nos canteiros, através de treinamentos e de fiscalização efetiva com orientação dos problemas encontrados”, finaliza o engenheiro.
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Redação AECweb / Construmarket
Colaborou para esta matéria:
Angelo Labbadia Junior – engenheiro civil formado, em 1993, pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e pós-graduado em Administração de Empresas.
Atuou, principalmente, na área imobiliária de grandes construtoras do mercado de São Paulo, fazendo a gestão de diversas etapas construtivas, como elaboração do orçamento, planejamento, desenvolvimento de projetos, coordenação e fiscalização de diversas obras, desde a fundação até a entrega das unidades.
Atualmente, é responsável pelo departamento de Suprimentos da Eztec.