Planejamento estratégico é importante para as compras

Duas pessoas olhando revestimento de ceramica

Para o desenvolvimento de um bom plano estratégico de compras, o gestor deve levar em consideração algumas premissas. “A identificação clara dos objetivos estratégicos da organização e o alinhamento de suas metas de compras, levando em consideração as diretrizes de preço, prazo, custo de propriedade, qualidade, são essenciais”, afirma Francisco Cunha, professor do IETEC – Instituto de Educação Tecnológica.

O plano de compras deve prever como os fornecedores dos itens críticos e estratégicos deverão ser tratados e quais serão os indicadores que definirão como eles deverão ser desenvolvidos Francisco da Cunha

No setor da construção civil, segundo ele, é também necessária a criação de um grupo de itens de aquisição identificados como “Commodities Universais”, que devem ser padronizados e utilizados universalmente na organização, qualquer que seja o projeto.

“Desta forma, a compra centralizada e programada gera um grande poder de alavancagem nos custos de aquisição. Os demais itens devem ser tratados conforme as necessidades de cada projeto. Para esta categoria devem ser criadas as metodologias de compras descentralizadas e/ou centralizadas, bem como o estabelecimento de critérios diferenciados de aquisição”, observa.

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PLANO ESTRATÉGICO

Ao desenvolver seu plano estratégico, cada construtora estabelece suas próprias diretrizes. “Cada empresa tem uma realidade e necessidades diferentes. Como exemplo, temos as construtoras que executam projetos de edificações populares, onde a maioria dos itens de aquisição obedece a regras de custo e prazo como principais diretrizes. Já as construtoras de imóveis de alto padrão têm como diretriz a qualidade dos materiais empregados, adequando seus processos a essa demanda”, explica Cunha.

De acordo com o professor, o plano estratégico é indicado para cada empreendimento e/ou projeto da organização. No plano, serão estabelecidas as estratégias para cada compra. E, geralmente, o responsável pela elaboração do plano é o gestor de suprimentos em conjunto com o gerente do projeto.

Outra função primordial do plano de compras é justamente o estabelecimento de como a carteira de itens será distribuída entre os fornecedores, de acordo com a importância de cada item e cruzando a informação com a relevância que cada fornecedor terá no empreendimento Francisco da Cunha

BENEFÍCIOS

A utilização de um plano estratégico de compras traz inúmeros benefícios para as construtoras. Entre eles, o professor destaca a previsão orçamentária mais precisa do empreendimento e a identificação dos possíveis riscos nas entregas dos materiais evitando atrasos na obra.

“Outro aspecto positivo é que a percepção de oportunidades de compras especulativas gera redução de custos nas aquisições. Assim como a redução nos inventários do projeto acarretam menos custos e desperdícios”, lembra Cunha, acrescentando que o plano estratégico garante maior agilidade nos processos de compras com mais tempo para realização de follow-up nas entregas e criação de indicadores de performance mais eficazes.

FORNECEDORES

O desenvolvimento da cadeia de fornecedores é um dos itens fundamentais do plano estratégico de compras. “Através de uma boa previsão de demanda com o estabelecimento dos riscos de entrega, das variações de mercado e suas complexidades, o plano de compras deve prever como os fornecedores dos itens críticos e estratégicos deverão ser tratados e quais serão os indicadores que definirão como eles deverão ser desenvolvidos”, explica o professor.

” Outra função primordial do plano de compras é justamente o estabelecimento de como a carteira de itens será distribuída entre os fornecedores, de acordo com a importância de cada item e cruzando a informação com a relevância que cada fornecedor terá no empreendimento”, continua.

O que se busca nas negociações mais estratégicas é a composição do acordo mais vantajoso. Vantagem nem sempre significa menor preço, mas sim uma melhor forma de negócio que beneficie, de alguma forma, o negociador Francisco da Cunha

Segundo ele, são diversos os itens que merecem atenção e, para tornar a missão mais simples, o plano de compras deve contemplar a segmentação da carteira do projeto na ‘Matriz Estratégica de Compras’. Ela irá segmentar os materiais de acordo com sua importância operacional e seu impacto no custo do empreendimento.

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“Utilizando esses dois eixos de avaliação temos os itens segmentados em quatro categorias, a começar pelos bens ou serviços classificados como táticos. São itens rotineiros, que podem ser comprados facilmente, como materiais de papelaria, manutenção e administrativos. O segundo são os bens ou serviços classificados como alavancados. Possuem alto valor de compra para a empresa, mas são genéricos, sem nenhuma especificidade. Exemplos: serviços de segurança, cimento, aço, concreto”, afirma.

“Seguem-se os bens ou serviços críticos – gargalo. São aqueles que, apesar do baixo valor, podem ter alto risco quando há falha no fornecimento. Exemplos: peças de reposição fornecidas por um ou poucos fornecedores e com tempo de ressuprimento longo e os serviços muito especializados. Por último, temos os bens ou serviços estratégicos. Aqueles que preveem vantagens competitivas para a empresa que os compra. Exemplos: materiais de acabamento e elevadores”, conclui.

A busca pelo menor preço não é mais a única prática recomendada em todas as negociações. “O que se busca nas negociações mais estratégicas é a composição do acordo mais vantajoso. Vantagem nem sempre significa menor preço, mas sim uma melhor forma de negócio que beneficie, de alguma forma, o negociador”.

“Muitas vezes, apesar de ter um preço maior, um determinado item pela sua logística de entrega torna os processos construtivos mais ágeis, o que gera menos custo de mão de obra, reduzindo assim o custo total do empreendimento. Desta forma, as negociações devem ser tratadas de forma estruturada e integrada à sistemática do empreendimento, e isto só é possível com um bom planejamento das aquisições”, diz Cunha.

Redação AECweb / Construmarket

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Colaborou para esta matéria:

Francisco Eduardo Ferreira da Cunha – MBA em Gestão de Negócios (IETEC), MBA em Economia da Empresa (FGV), pós-graduado em Administração de Compras (IETEC) e graduado em Direito (UFRJ). Negociador certificado pela ESA e pelo Instituto Brasileiro de Economia e Finanças. Membro permanente da equipe de Gestão Estratégica da FUNDEP.

Possui experiência em negociações corporativas nacionais e internacionais e na implantação de sistemas eletrônicos de compras bem como na implantação de Strategic Sourcing em empresas de grande porte. Publicações: SLA como Instrumento de Recuperação de Fornecedores, 2009.

Atua como professor nas áreas de Administração de Compras, Engenharia de Vendas, MBA-Administração de Projetos e Gestão e Tecnologia da Informação, dos cursos de pós-graduação e curta duração do IETEC.”

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