Redução de estoques pode contribuir para qualidade

Homem com uma prancheta e atrás um estou de materiais.

As novas filosofias gerenciais indicam que, para uma empresa obter elevados níveis de desempenho em termos de qualidade ou eficiência, é preciso fazer a redução de estoques.

“Eles trazem uma série de complicações, sendo a principal o fato de ocultarem problemas. Como há estoques de vários tipos, a empresa não tem urgência em resolver as dificuldades. Esta é uma das ideias fundamentais de filosofia da Lean Production, surgida no Japão, na indústria automotiva, e que se disseminou por muitos países e setores”, afirma Carlos Torres Formoso, professor e pesquisador do NORIE-UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

É um erro estratégico. O capital fica parado, sem trazer ganhos à empresa. Mas há outros: estoques ocupam espaço, resultam em deterioração de produtos e podem ser objeto de roubo ou vandalismo. Porém, o mais importante é que estoques escondem problemas. ”

Ao estocar, a construtora está imobilizando capital. “Isto é um erro estratégico. É um dos problemas decorrentes dos estoques. O capital fica parado, sem trazer ganhos à empresa. Mas há outros: estoques ocupam espaço, resultam em deterioração de produtos e podem ser objeto de roubo ou vandalismo. Porém, o mais importante é que estoques escondem problemas. Existem vários tipos de estoques: de materiais, de produto inacabado – também conhecido como trabalho em progresso – e de produtos acabados. Estes dois últimos são ainda piores que estoques de matérias-primas, pois são mais valiosos e podem mais rapidamente se tornar obsoletos”, explica Formoso.

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Redução de estoques

De acordo com o professor, sempre é necessário fazer algum tipo de estoque, mas estes devem ser cuidadosamente dimensionados e, ao longo do tempo, fazer a redução de estoques através de um esforço contínuo de implementação de melhorias.

“Alguns materiais de construção podem se deteriorar mais rapidamente como o cimento, o que traz um problema adicional. Outros são muito caros, como um elevador desmontado. E há ainda alguns que são muito volumosos e pesados como tijolos e blocos, o que dificulta sua manipulação”, diz o pesquisador.

A vantagem principal de estocar, segundo Formoso, é que permite conviver com a variabilidade, ao invés de removê-la, tais como fornecedores pouco confiáveis, materiais defeituosos, incerteza quanto às atividades a executar, mudanças repentinas nos planos, entre outras.

“É importante tornar as entregas confiáveis através do estabelecimento de relações de parceria com os fornecedores. Entretanto, para que as entregas confiáveis tragam benefícios, é fundamental que a execução da obra também seja segura. Além de reduzir atrasos, é essencial planejar as operações de descarga para torná-las eficientes e corretas”, ressalta.

É importante tornar as entregas confiáveis através do estabelecimento de relações de parceria com os fornecedores. Entretanto, para que as entregas confiáveis tragam benefícios, é fundamental que a execução da obra também seja segura. Além de reduzir atrasos, é essencial planejar as operações de descarga para torná-las eficientes e corretas. ”

Como o canteiro de obras é um local conturbado, úmido e apresenta riscos à integridade de produtos, é necessário que o planejamento preveja espaços adequados para estocagem, inclusive estabelecendo cuidados especiais com materiais frágeis ou de elevado valor.

“Sempre que possível, deve-se estocar os materiais o mais próximo possível dos equipamentos de transporte – grua e elevador – ou do local de aplicação como no caso de elementos pré-fabricados”, comenta o professor.

Neste momento da economia brasileira em que a inflação incomoda, as empresas do setor acabam cogitando em aumentar os estoques.

“A inflação é um estímulo à estocagem, por razões óbvias. É mais um efeito nocivo da inflação, principalmente, se alcança dois ou três dígitos, como em passado recente”, diz o pesquisador.


Redação AECweb / Construmarket


Colaborou para esta matéria

Carlos Torres Formoso – engenheiro Civil (UFRGS, 1980), M.Sc. (UFRGS, 1986) Ph.D. (Universidade de Salford, Inglaterra, 1991), Pós-doutorado pela Universidade da Califórnia, Berkeley, EUA (1999-2000) e pela Universidade de Salford (2011).

Professor e pesquisador do NORIE-UFRGS. Pesquisador do CNPq. Membro do GAT (Grupo de Assessoramento Técnico) do PBQP-H entre 1998 e 2008.

Membro do International Group for Lean Construction (IGLC). Editor-chefe da Revista Ambiente Construído. Coordenador de vários projetos de pesquisa e desenvolvimento envolvendo empresas e entidades do setor da construção Civil.

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