No segmento econômico não existe ‘plano B’

Entenda como é feito um empreendimento econômico sem deixar de lado a qualidade.
Dois engenheiros vendo o rascunho da obra, com andaimes atrás, num local de obras do segmento econômico.

O que difere uma obra do segmento econômico dos demais lançamentos é que geralmente são unidades horizontais de, no máximo, quatro andares sem elevador e construídas em grande escala para a população de baixa renda.

Para ser viável, esse tipo de empreendimento tem que ter escala. Na maioria dos casos, são obras do programa Minha Casa Minha Vida financiadas pela Caixa Econômica Federal.

“A grande diferença da gestão de compras no segmento econômico em relação aos condomínios verticais, é uma gama menor de produtos utilizados, mas com volume bem maior. Os verticais de luxo, por exemplo, têm vários tipos de cerâmica e janelas produzidas de acordo com o projeto”, informa Leonardo Laender, diretor de Suprimentos da Direcional Engenharia.

Essa característica possibilita boas parcerias com os fornecedores na hora da compra, mas exige logística de suprimentos competente para garantir que os produtos cheguem ao canteiro de obras na hora certa.

“Neste segmento econômico não tem ‘plano B’. O insumo não pode atrasar nem adiantar, pois não há local para armazenar e o trabalho não pode parar”.

Laender explica ainda que, para abastecer uma obra com 3.500 unidades estocando material, seria necessário um mega galpão, o que é inviável. Por isso, o volume mensal de movimentação de mercadoria pelo país é muito grande. A operação para colocar o produto na obra na hora certa exige logística enorme e cronometrada.

“No nosso caso, o menor empreendimento que estamos construindo tem 1.340 unidades e o maior, em Manaus, nove mil unidades. Estamos com obras simultâneas em Manaus, Macapá, Porto Velho, Belém, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e as compras são todas coordenadas pela sede em Belo Horizonte. Temos bases avançadas do departamento de Suprimentos em Brasília e Manaus, e atendemos todos os nossos canteiros”, diz.

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Operação centralizada

Como as compras no segmento econômico são em grande escala e de produtos semelhantes em praticamente todas as cidades, Laender consegue trabalhar com um ou dois fornecedores.

“Isso reduz o custo, mas exige que a operação seja bem coordenada. Para o canteiro de Manaus, por exemplo, enviamos tudo por cabotagem a partir do porto de Santos. Para 3.500 unidades movimenta-se uma média de 30 a 40 contêineres por mês”, afirma.

Segundo ele, os fornecedores de aço, formas de alumínio, cerâmica, produtos de instalação elétrica e hidráulica, por exemplo, estão localizados na região Sudeste.

“Fazer chegar o material na obra é um desafio constante”, destaca. As entregas para Porto Velho e para Belém são feitas por via terrestre. Mas para Macapá o roteiro inclui a saída do material de Belém por balsa e, depois, por via terrestre.

“Não pode haver erro”, afirma, acrescentando que, apesar do grande volume de materiais transportados todos os dias e do número de obras simultâneas em andamento, o atraso é mínimo.

Compras em escala no segmento econômico

Laender ressalta que a preocupação com os custos é constante. “No segmento econômico o setor de Suprimentos é mais ativo e tem que estar inteirado sobre a obra para se antecipar aos problemas. Tudo precisa chegar na hora certa para não dar prejuízo porque não há como repassar custos para o consumidor final, uma vez que o preço das casas e dos apartamentos do MCMV é fixo e tabelado. Tem de fazer volume para conseguir reduzir custos e entregar no menor valor possível. Toda a cadeia produtiva do segmento econômico ganha na escala. Se a indústria tentar fazer preço em cima de um produto, deixa de fornecer”, explica.

Portanto, para atuar no setor de Compras e Suprimentos para o segmento econômico o comprador precisa ter conhecimento de logística e do processo construtivo utilizado nas obras.

“No caso da Direcional, este tipo de profissional está sendo formado internamente. Nosso departamento responde também pela contratação das empresas prestadoras de serviços, como logística de fundações, de transporte e pintura”, afirma.

Modelo vertical

“Empregamos 14 mil funcionários. Produzimos a obra com pessoal próprio e um mínimo de terceirização. Creio que nossa companhia seja a única a adotar um sistema verticalizado. Do engenheiro ao servente, todos fazem parte da nossa equipe”, afirma.

Para suprir os seis canteiros, Laender informa que compra mensalmente em torno R$ 70 milhões em suprimentos e serviços terceirizados, volume que, segundo ele, deve crescer muito até o final do ano com o início de obras de novos contratos.

O sistema construtivo adotado pela Direcional é semi-industrializado. A empresa possui 50 jogos de formas de alumínio para a construção de paredes moldadas no local, com uma média de oito jogos por canteiro, o que permite construir a estrutura de 100 apartamentos por dia.

“A estrutura de uma unidade fica pronta em um dia e o ciclo completo para construir uma unidade tem duração de 45 dias. Considerando todas as etapas de construção, como terraplenagem, fundação, estrutura e acabamento, uma obra de 1200 apartamentos fica pronta em 12 meses”, informa.

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Redação AECweb / Construmarket


COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA

Leonardo Laender: Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), fez MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC de Minas, especialização no PDE – Programa de Desenvolvimento de Empresários da Construtora Norberto Odebrecht, na qual atuou por cinco anos.

Possui 18 anos de experiência no setor da Construção Civil, especialmente nas áreas de gerenciamento e execução de obras. É superintendente nacional da Direcional Engenharia nas áreas de planejamento e orçamento; suprimentos, logística e terceirizados; máquinas e equipamentos.

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