Quando construtoras trabalham dentro dos princípios do sistema Just in time – comprar somente quando e o que precisar –, há uma redução do tamanho do estoque, espaço físico necessário para armazenamento dos materiais, e do investimento financeiro.
“Haverá também a necessidade de menos pessoas para manter esse material, tanto para a manutenção física como para segurança, evitando roubos e extravios. Assim, se for possível reduzir o tamanho do estoque através de políticas de compras, com maior frequência e menor tamanho do lote, a construtora terá ganhos”, diz José de Paula Barros Neto, professor e diretor do Centro de Tecnologia da UFC – Universidade Federal do Ceará.
Haverá a necessidade de um menor aporte de dinheiro para a compra de material e, consequentemente, uma área menor para guardá-lo José de Paula Barros Neto
Os principais benefícios da utilização do sistema Just in time são financeiros. “Haverá a necessidade de um menor aporte de dinheiro para a compra de material e, consequentemente, uma área menor para guardá-lo. Hoje, os canteiros de obras estão ficando cada vez mais apertados, menores, porque as obras estão cada vez maiores, usando quase todo o tamanho do terreno. E com o Just in time a necessidade de espaço diminui”, comenta Barros Neto.
De acordo com ele, outro ponto positivo é que, à medida que se tem um lote menor e um menor armazenamento, o risco de perdas também diminui. “E isso vai a favor também da qualidade. Com um lote menor, será preciso menos espaços nas lajes para armazenar. Mas, por outro lado, é necessário um melhor planejamento, já que serão feitas compras mais frequentes, exigindo uma logística eficiente para que não falte material”.
Isso vai a favor também da qualidade. Com um lote menor, será preciso menos espaços nas lajes para armazenar. Mas, por outro lado, é necessário um melhor planejamento, já que serão feitas compras mais frequentes, exigindo uma logística eficiente para que não falte material José de Paula Barros Neto
FORNECEDORES
Há uma tendência de contratos mais globais com fornecedores. “Por exemplo, ao comprar todos os tijolos ou cerâmicas do empreendimento, o fornecedor pode me entregar em pequenas remessas. Isso facilita, pois, provavelmente, o preço será melhor pelo fato de a compra ter sido feita em grande quantidade.
O que para o fornecedor também é bom, afinal terá um contrato de longo prazo com a empresa. Mas é preciso ter um sistema de gerenciamento eficiente para acompanhar todo o processo”, afirma o professor.
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Um dos princípios do Just in time é reduzir o número e qualificar fornecedores. “É preciso ter um fornecedor mais qualificado e trabalhar de forma parceira, ou seja, não negociar o preço até ‘matar’ o fornecedor.
É necessário ter uma visão a longo prazo e de parceria e mudar a cultura de relacionamento com fornecedores, além de escolher em quais materiais serão implantados o sistema Just in time. Não é possível, logo de início, incluir todos os itens.
O ideal é escolher os materiais mais importantes, do nível A da curva ABC, que é a curva de diferenciação de importância de estoque. Esses itens servirão de teste e treinamento dos fornecedores e dos profissionais da construtora, para que aprendam com erros e acertos.
Quando se implanta um sistema que nunca foi usado antes, é natural acontecer falhas e é preciso fazer ajustes e correções. Aos poucos, a construtora amplia o número de materiais dentro do Just in time”, explica o diretor.
É preciso ter um fornecedor mais qualificado e trabalhar de forma parceira, ou seja, não negociar o preço até ‘matar’ o fornecedor. É necessário ter uma visão a longo prazo e de parceria e mudar a cultura de relacionamento com fornecedores, além de escolher em quais materiais serão implantados o sistema Just in time. Não é possível, logo de início, incluir todos os itens. O ideal é escolher os materiais mais importantes, do nível A da curva ABC, que é a curva de diferenciação de importância de estoque. Esses itens servirão de teste e treinamento dos fornecedores e dos profissionais da construtora, para que aprendam com erros e acertos José de Paula Barros Neto
Para evitar problemas com fornecedor, é importante escolher bem a empresa e fazer um bom contrato que garanta o preço e o abastecimento esperado. “Para isso, o indicado é escolher um fornecedor de confiança e que, preferencialmente, já tenha realizado outros trabalhos.
É recomendável começar testando o fornecedor em uma obra, para avaliar como será o atendimento e se está cumprindo os compromissos acordados. E não é preciso trabalhar somente com uma empresa, é possível atuar com dois ou três, para que a construtora não fique presa a somente uma”, afirma Barros Neto.
ENTREGA DO MATERIAL
O momento de entrega dos materiais e serviços em uma obra é fundamental para evitar atrasos na construção ou estoque do produto. “Além da compra em grandes quantidades e a entrega do material de forma parcelada, é importante o controle de estoque. Prática comum e eficiente é o que chamamos de gerenciamento visual, ou seja, acompanhar visualmente o volume do estoque”, diz o professor, que orienta fazer uma marca no estoque e, quando esse limite for atingido, está na hora de solicitar mais material, um novo lote.
A melhor forma de realizar as compras de suprimentos em construtoras, de acordo com o diretor, é por projetos. “Até porque, atualmente, muitos investidores buscam parcerias com incorporadoras e construtoras para a realização de empreendimentos imobiliários. É o formato SPE – Sociedade de Propósito Específico –, que corresponde a uma sociedade com as mesmas características do consórcio, porém com personalidade jurídica, formada para a execução de determinado empreendimento previamente identificado e em prazo limitado. Dessa forma, só é possível comprar obra por obra”.
O principal desafio na implantação do sistema Just in time é cultural, tanto das empresas como dos fornecedores. “Para trabalhar com o sistema Just in time é necessário organizar muito bem a empresa, principalmente, o planejamento, acompanhamento e controle das atividades, para que não se corra o risco de ficar sem material na obra”, diz Barros Neto.
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Redação AECweb / Construmarket
Colaborou para esta matéria:
José de Paula Barros Neto – Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Ceará (1989), Especialista em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Ceará (1993), Mestre em Engenharia Civil – área de concentração Produção Civil pela Universidade Federal Fluminense (1991). Doutor em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1999).
Professor concursado da UFC, desde 1992, responsável pelas disciplinas de gestão voltadas para a engenharia civil. Vice-coordenador do curso de graduação em Engenharia Civil, por dois mandatos. É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq desde 2003. Consultor ad hoc do CNPq, FUNCAP e FINEP. Parecerista de vários eventos e revistas, nacionais e internacionais.
Membro da diretoria da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC). Coordenador de dois projetos de pesquisa, em rede, financiados pela FINEP, sendo um como coordenador local e outro como coordenador geral, além de participar de outros dois projetos como pesquisador.
Coordenador de três cursos de pós-graduação lato sensu na área de Gerenciamento da Construção. Criador e coordenador do Grupo de Pesquisa e Assessoria em Gerenciamento na Construção (GERCON), que desenvolve projetos de pesquisa e de extensão tanto para o poder público quanto para a iniciativa privada.
Coordenador geral de três eventos técnico-científicos de âmbito internacional. Atualmente, é coordenador científico do Simpósio Brasileiro de Gestão e Economia da Construção (SIBRAGEC) e coordenador geral do Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ENTAC). Atuou em vários projetos de extensão ligados à ASTEF, como, por exemplo, o Centro Multifuncional de Eventos e Feiras do Ceará e o Programa de Inovação da Construção Civil do Ceará (INOVACON).
Professor de cursos de especialização e extensão para várias universidades do país. Professor do curso de graduação em Engenharia Civil. Foi professor do curso de graduação em Engenharia de Produção Mecânica. Professor do Mestrado Profissional em Administração (MPA).
Participou do Mestrado em Engenharia de Transportes (PETRAN), como professor colaborador. Orientou 10 dissertações de mestrado, 30 monografias de especialização, 50 projetos de conclusão de curso, 24 alunos de iniciação científica. Participou de 54 bancas, entre mestrado e doutorado. Publicou mais de 80 artigos em periódicos e anais de eventos nacionais e internacionais.