Obras públicas, um mundo à parte

Entenda como funciona o mundo das obras públicas e o departamento de compras e suprimentos.
Obra de uma ponte inacabada a luz do dia

O departamento de compras e suprimentos de uma construtora com foco no setor público participa dos projetos construtivos antes mesmo da empresa vencer a licitação da obra. De acordo com Raphael Veigas, orçamentista responsável pela área na Rodoserv Engenharia, quando chega o projeto com a lista de materiais a serem utilizados, é feito um pré-orçamento com os fornecedores para avaliar a viabilidade de participar da concorrência.

“Diante da planilha de insumos, utilizamos a curva ABC para saber o quanto vamos gastar na execução das obras públicas e avaliar se vale a pena concorrer”, conta.

Ele explica que na elaboração dos estudos pela curva ABC, os produtos mais significativos (A) representam 80% da obra e (B) representam em torno de 15% dos materiais, sendo que o restante entra como itens da letra (C) da curva. Cita como exemplo o serviço de acabamento do prédio da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, em Campinas.

“Acabamos de vencer a licitação para essa obra que tem diversos produtos na linha (A) e o de nível mais significativo é o chapisco, que demanda cimento, cal, areia e mão de obra. Orçamos os insumos e o custo horário do pedreiro para chegar ao valor que será oferecido na licitação, já com a margem de desconto a ser negociada com o fornecedor, visando garantir o lucro da empresa”.

Veigas explica que, após vencer a licitação, o departamento inicia a compra dos insumos propriamente dita. Ao fazer o orçamento prévio, a empresa elenca uma relação de possíveis fornecedores, mas na hora de executar a obra inclui na pesquisa outros fabricantes para chegar a melhores preços.

“A ferramenta Construcompras nos ajuda e dá um retorno muito rápido. O orçamento que demorava um dia, agora demora apenas uma hora, e com um número maior de participantes. Antes de usar o Construcompras, minha relação de fornecedores era limitada. Hoje, dependendo do insumo, tenho instantaneamente mais de 50 interessados”, comemora.

Veigas explica que, em alguns casos, o prazo para participar da licitação é curto e o orçamento prévio é feito apenas com os principais materiais. “Nesses casos concorremos com margem de risco, que será eliminada na hora de comprar os itens necessários”, diz. Quando a quantidade de materiais indicada na concorrência é insuficiente, é necessário fazer termo aditivo para poder comprar o que falta. “Isso é comum porque a previsão é feita com base no projeto inicial e durante a realização da obra sempre dá diferença. É bom lembrar que em obras públicas tudo é acompanhado por um fiscal do órgão contratante”, ressalta.

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CUSTO X QUALIDADE

O segredo do sucesso do setor de compras e suprimentos em construtora de obras públicas está na busca por bons preços e qualidade. Segundo Veigas, a margem de lucro da construtora fica na casa dos 8%. Os gastos com mão de obra envolvem em torno de 35% e outros 60% com materiais. Ele diz que na Rodoserv as compras têm volumes variados. Na construção do MOP – Módulo Operacional Provisório do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, por exemplo, a empresa comprou 1400 m² de painéis termoacústicos, que foram usados no fechamento do pavilhão.

No dia a dia do comprador, a maior dificuldade está em conseguir bons fornecedores, que garantam a entrega do material com qualidade, preços baixos e no prazo estipulado. “É muito difícil saber o limite deles. Mas a gente chora bastante para reduzir preços. Minha prática é cotar com, no mínimo, três para obter a média de preços”, informa. Veigas ressalta, ainda, que o profissional de compras precisa conhecer bem o setor produtivo de cada insumo e avaliar se o fornecedor terá condições de cumprir contratos para que não haja atrasos na obra, pois isso também acarreta prejuízos.



Redação AECweb / Construmarket


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COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA

 Raphael Augusto Veigas – Técnico em Edificações pela ETEC-Centro Paula Souza com especialização em Alpha Channel – Computer Graphics Center (Maquete Eletrônica com 3DS Max); Multiplus Softwares Técnicos (Arquimedes e Controle de Obras); Globo Data (AutoCad) e graduação em Ciência da Computação pela Universidade de Guarulhos.

É comprador da Rodoserv Engenharia e desenhista projetista. Responde pelo levantamento das quantidades de materiais a serem utilizados em vários tipos de obras, cotações diretas com fornecedores, desenvolvimento de composições no programa de orçamentos e elaboração de planilhas orçamentárias, cronograma físico-financeiro, propostas técnicas e comerciais, fechamento de orçamentos, composição de preços unitários e planejamento de obras.

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