O que conta nas decisões de compras?

A tomada de decisão pode envolver critérios como análise de risco do fornecimento e do fornecedor.
O que conta nas decisões de compras?

Apesar das semelhanças no processo de compras praticado pela maioria das construtoras, há sempre particularidades impostas pela cultura e perfil de cada uma delas. A tomada de decisões de compra pode envolver, além das metodologias usuais, critérios como análise de risco do fornecimento e do fornecedor, lição aprendida, negociações equilibradas e contratos detalhados, entre outros.

“O mais relevante no processo de compras é buscar o melhor fornecedor para aquele escopo, aquela obra, aquele processo”, afirma a engenheira Fabiana Scharakman, coordenadora de Suprimentos da Libercon Engenharia.

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RISCO

análise de risco é constante. O banco de fornecedores qualificados é permanentemente atualizado, de acordo com avaliações financeiras, jurídicas e da qualidade do fornecimento. “O o ideal é que tenham algum tipo de comprovação como ISO, PBQP-H ou laudos de laboratório acreditado no Inmetro”, ressalta.

Risco recorrente é ter uma proposta de fornecedor de serviço que se compromete a fechar um pacote para todas as obras, garantindo determinado preço unitário por metro quadrado. Diante disso, é importante questionar se cabe colocá-lo, por exemplo, em cinco obras; se dará conta; quantos funcionários ele tem; se começar a dar problema em uma delas, como vai repor diante do fato de que suas equipes já estão alocadas nos outros canteiros.

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PROCESSO

É comum que o mapa de concorrência da Libercon ultrapasse o limite mínimo de três empresas para cada item, chegando a uma dezena, dependendo da complexidade do processo de compras.

É o caso das estruturas metálicas, sistema da curva A dos galpões logísticos – uma das especialidades da empresa –, que envolve altos valores. “Pelo bom relacionamento que temos com os diversos fornecedores qualificados de nossa base, convidamos todos ou boa parte deles”, conta Scharakman.

As propostas comerciais oferecidas pelos fornecedores, com base no projeto e especificações, são equalizadas no mapa – processo complicado, pois envolve um grande volume de informações. Os participantes da concorrência considerados mais habilitados são convocados para reuniões individuais com a área de suprimentos, para alinhar as questões técnicas e comerciais.

O processo culmina com o fornecedor selecionado sendo sabatinado por nós e pela equipe de engenharia. É muito importante que a obra deixe claro o que vai solicitar dele na fase de execução da obra”, diz.

LIÇÃO APRENDIDA

Ao longo do processo de compras, não há tempo para consultar os engenheiros e gerentes sobre eventuais preferências ou objeções que tenham em relação às empresas concorrentes. Assim, pode acontecer de, nessa reunião, o homologado ser descartado.

Tivemos um caso em que um dos engenheiros relatou que numa obra, há tempos, o fornecedor que havíamos escolhido causou problemas, ao não atender as solicitações de assistência técnica pós-contratação. Voltamos para a diretoria para uma análise e decidimos convocar outro fornecedor”, relata Scharakman.

Outra lição aprendida pela área de Suprimentos da Libercon é de que nem sempre o fornecedor que tem o menor preço ganha a concorrência. A coordenadora defende que as melhores práticas de compras envolvem a avaliação da produtividade, do relacionamento do fornecedor com a equipe de obras, sua situação financeira e tributária.

Não é o valor unitário que manda”, reforça. Hoje, a empresa constrói o Centro de Manutenção de Linha da Latam, no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Entre tantos fornecedores, ela não poderá contratar aquele de menor porte, apesar de oferecer o menor preço. Ele não terá condição de responder a todas as exigências da administração do aeroporto para entrar no canteiro. Por exemplo: ele garante cesta básica para os seus funcionários, mas só são permitidas refeições in loco”, exemplifica, completando que cada fornecedor tem que ser avaliado para trabalhar em cada obra específica, com suas características e exigências.

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MAIS CRITÉRIOS

A sequência de procedimentos adotada pela Libercon abrange não apenas os fornecimentos de alto custo, mas também alguns considerados de risco no cronograma e para a qualidade da obra. “Um exemplo é a fibra para adição no concreto. O item tem preço bem inferior ao do concreto, mas resulta de uma especificação complexa com rigoroso controle. É essencial, no caso, a integração de compras com o pessoal de engenharia e de projeto”, comenta.

O fato de a empresa ter expertise na produção de obras certificadas com selos de impacto ambiental faz com que a área de suprimentos exija da cadeia práticas igualmente sustentáveis. “É rotina avaliar os fornecedores sob esses critérios. E não apenas para projetos que buscam a certificação, mas para todos”, fala.

CONTRATOS

Apesar de oferecer aos fornecedores contratos detalhados, acontece de a coordenadora de suprimentos se ver diante de contratado que quer mais, ou discorda de determinadas cláusulas. “Quem decide é o comitê jurídico da Libercon”, diz.

Como padrão, os contratos documentam o escopo e todos os procedimentos e responsabilidades de parte a parte. Chegam, inclusive, a determinações da limpeza obrigatória que o fornecedor terá de fazer dos resíduos que gerou e sua deposição nas caçambas seletivas disponíveis no canteiro.


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Redação AECweb / Construmarket


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