Comprador deve garantir o fornecimento de energia

Guindaste com uma luz abaixo, para iluminar a obra a noite.
Guindaste com uma luz abaixo, para iluminar a obra a noite.

O fornecimento de energia elétrica no canteiro de obras está diretamente relacionado ao tipo de empreendimento a ser construído.

Edificações com estruturas metálicas, por exemplo, exigem atividades que envolvem o uso de máquinas de solda.

Já os trabalhos em terrenos elevados pedem gruas e cremalheiras – equipamentos de alta potência que necessitam de quantidade elevada de energia.

Além da eletricidade utilizada pelo maquinário, há a energia consumida pela área administrativa, banheiros e demais acomodações do canteiro.

Se não houver planejamento por parte da construtora, a oferta de energia para a obra pode atrasar em função da necessidade de serviços na rede de distribuição.”Marcelo Biz

De acordo com o engenheiro Marcelo Biz, consultor de projetos na Biz Consultoria, o cálculo da demanda – responsabilidade técnica do engenheiro eletricista – é indispensável para a construtora contratar corretamente o suprimento de energia junto às concessionárias.

“Se não houver planejamento por parte da construtora, a oferta de energia para a obra pode atrasar em função da necessidade de serviços na rede de distribuição.

O tempo médio de atendimento entre o orçamento, a execução e a ligação é de até 150 dias”, explica Biz, ressaltando que, em áreas onde o cabeamento passa por vias subterrâneas, esse prazo pode chegar a até 270 dias – considerando-se os parâmetros da AES Eletropaulo, concessionária paulista.



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Grandes edificações, que demandam cargas superiores às estabelecidas na resolução, podem ser atendidas em outros níveis de tensão. Essa escolha fica a critério das concessionárias. ” Marcelo Biz

Alternativas para o fornecimento de energia elétrica

Quando o fornecimento de energia destinada ao canteiro de obra falha, seja por problemas ou atrasos da concessionária, a opção mais adequada é providenciar equipamentos de motor gerador a diesel.

“Outras soluções que têm o gás como combustível não são indicadas porque também precisam de intervenções da concessionária de gás local”, destaca.

Apesar de ser a principal alternativa para suprir a demanda de cargas elevadas, a locação de geradores apresenta custo elevado se comparada à energia fornecida pela concessionária.

É preciso levar em consideração, além dos valores do aluguel, a quantidade/hora de óleo diesel para gerar o volume de quilowatts ideal para o canteiro. Em alguns casos, é preciso, ainda, optar por geradores carenados e silenciados, o que significa valores ainda maiores.

Através do cálculo abaixo, realizado para uma obra que precisa de 75 kVA de energia, o engenheiro mostra que a utilização de gerador pode ficar cerca de R$ 6 mil mais cara, sem contabilizar o valor do aluguel do equipamento:

GeradorConcessionária
Consumo de diesel (lts/h) x horas trabalhadas por dia x número de dias trabalhados por mês x preço do diesel.Consumo de quilowatts (kWh) x horas trabalhadas por dia x número de dias trabalhados por mês x preço do quilowatt (kWh).
16,8lts/h x 12h x 25 dias x R$ 3,00 = R$ 16.740,0061,3 kw/h x 12h x 25 dias x R$ 0,56694 = R$ 10.426,00

Uso final

Depois de pronta, a quantidade de energia que uma edificação consumirá deve variar de acordo com seu uso. Empreendimentos de maior porte e alta concentração de carga instalada requerem atendimento específico.

“Podemos considerar que a quantidade de eletricidade está condicionada à carga nele projetada, variando entre estabelecimentos residencial, corporativo ou industrial. Por exemplo, quanto maior o uso de climatizadores, mais energia o empreendimento necessitará”, afirma Biz.

Segundo a resolução normativa 414 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), publicada em 2010, as concessionárias têm limites no fornecimento de energia para seus clientes.

Quando a demanda é maior do que os números indicados na norma, a empresa pode ou não fornecer eletricidade para o empreendimento através de sua rede de distribuição.

“Grandes edificações, que demandam cargas superiores às estabelecidas na resolução, podem ser atendidas em outros níveis de tensão. Essa escolha fica a critério das concessionárias”, finaliza Biz.


Redação AECweb / Construmarket


Colaborou para esta matéria

Marcelo Biz – Engenheiro elétrico formado pela Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban), com pós-graduação em engenharia de perícia pela Universidade Nove de Julho (Uninove).

Com passagem pela AES Eletropaulo, atualmente é sócio-diretor da Biz Consultoria e Assessoria. Atua em análise de projetos de entrada de energia de grandes clientes, consultoria na contratação de energia junto às concessionárias e gerenciamento de obras de instalações elétricas.

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