Antes de comprar tubos e conexões para qualquer tipo de obra é importante que o profissional da área de suprimentos receba todas as especificações necessárias, seja para sistemas de distribuição e adução de água; transporte de esgoto sob pressão; condução de água fria ou quente, ar comprimido ou gazes e fluídos. “Independente da aplicação, o projeto de hidráulica deve considerar, no mínimo, as condições de máxima pressão de operação projetadas para sua vida útil”, explica a engenheira Claudia Regina Arruda, presidente da Associação Brasileira de Tubos Poliolefínicos e Sistemas (ABPE).
Ela orienta que ao comprar tubos e conexões é preciso receber também informações sobre sobrepressões; subpressões; transientes hidráulicos; temperatura do fluído a ser conduzido, espaçamento entre suportes no caso de tubulação aparente; alturas de reaterro no caso de tubulações enterradas; esforços decorrentes do recobrimento; pressão hidrostática interna e altura da coluna d’água, e adequada ancoragem da tubulação no leito subaquático.
Claudia Arruda recomenda que o comprador adquira apenas produtos que atendam às normas técnicas; acompanhe os ensaios de recebimento nas instalações do fabricante; e exija laudo específico para o lote contratado. Ressalta que obedecidas essas condições, a expectativa de vida útil dos materiais será de 50 anos, como prevista na normatização, desde que sejam aplicados e operados nas condições para os quais foram projetados.
Ao fazer a qualificação prévia dos fornecedores, o comprador deve descartar a consulta aos interessados que não comprovarem a qualidade do produto oferecido.
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“É importante solicitar atestados de fornecimento compatíveis com as quantidades em aquisição, que citem as normas pertinentes e, sempre que possível, realizar visita técnica de avaliação do processo produtivo e do laboratório de análises do fabricante. Outra boa medida é exigir garantia de assistência técnica pós-venda, orientação de montagem e treinamento da mão de obra”, orienta.
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Normas
Independente de os materiais serem adquiridos de maneira parcelada ou conforme a demanda da construção, Cláudia afirma que o importante é que eles sejam especificados, fabricados e inspecionados/ensaiados de acordo com o previsto na norma técnica vigente para cada situação. Ressalta que os tubos e conexões deverão ter gravados de forma indelével sua identificação e devem conter o código que permita a rastreabilidade das condições do processo de fabricação e da matéria-prima utilizada.
Para as instalações prediais com sistemas de aquecimento da água, por exemplo, a engenheira explica que deverão ser obedecidas as condições de montagem, instalação, armazenamento e manuseio previsto na norma técnica do produto adquirido, considerando também as indicações adicionais constantes do catálogo do fabricante. Ela informa que neste caso são utilizadas as normas NBR 15939:2011–parte 3 relativa a tubulações em PE-X – e a NBR 15813:2010-parte 3 relativa a tubulações PPR.
A parte 3 da NBR 15939:2011 estabelece os requisitos mínimos de procedimentos de transporte, armazenamento, manuseio, montagem e instalação de tubulações em polietileno reticulado (PE-X), empregadas para condução de água quente e fria em instalações prediais destinadas ou não ao consumo humano. A NBR 15813:2010 – parte 3 estabelece os requisitos mínimos de montagem, instalação, armazenamento e manuseio de tubos e conexões de polipropileno copolímero random tipo 3 (PP-R), usados na condução de água quente e fria em instalações prediais.
Cada aplicação conta com uma norma e, se não existirem normas brasileiras, o comprador deve se basear nas internacionais, sendo que em ambos os casos recomenda-se utilizar a última versão. Existem mais de dez normas da ABNT para tubos e conexões, que podem ser consultadas no site da ABPE no campo Normas e padrões. Por exemplo, a ABNT NBR 15802:2010 trata dos requisitos para projetos de tubulações de polietileno – de 63 mm a 1600 mm -, aplicadas em sistemas enterrados para distribuição e adução de água, e transportes de esgoto sob pressão. A ABNT 15561:2007 – Requisitos para tubos de polietileno PE 80 e PE 100, normatiza os sistemas para distribuição e adução de água e transportes de esgoto sob pressão. A ABNT 15551:2008 define a especificação dos tubos corrugados de dupla parede de polietileno para sistemas coletores de esgoto.
Recebimento
Para saber se o material que está sendo entregue na obra é o mesmo que foi comprado, é preciso analisar o produto recebido por amostragem, que deverá apresentar as mesmas características do laudo de inspeção do fabricante.
Não Conformidades
Com o objetivo de orientar o mercado de modo institucional, a ABPE por meio de seu Programa da Qualidade, dá apoio direto e gratuito aos usuários finais de materiais poliolefínicos, recebendo ou coletando amostras de produtos com suspeita de não conformidades, para submetê-las aos ensaios laboratoriais previstos nas normas. Tais ensaios são realizados no CCDM – Centro de Caracterização e Desenvolvimento de Materiais da Universidade Federal de São Carlos/UFSCar, contratado pela ABPE, e conferem ao usuário final, segurança dos produtos que lhes foram fornecidos, de modo a garantir tubulações com índice de vazamento zero, desde que instalados e operados nas condições para as quais foram projetados.
Redação AECweb / Construmarket
COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA
Claudia Regina Arruda – Presidente da Associação Brasileira de Tubos Poliolefínicos e Sistemas (ABPE). Formada em Química pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é diretora Comercial da Braskem, onde atua há 8 anos no negócio de Polietilenos.