Construtoras estão comprando mais por menos

Dois homens conversando e um deles mostrando algo em uma calculadora.

A drástica redução no ritmo do programa federal Minha Casa, Minha Vida somada à recessão econômica fez crescer a concorrência entre fornecedores de insumos e materiais de acabamento para obras de habitação popular. Essa mudança de cenário tornou possível às construtoras do segmento comprando mais por menos.

“O planejamento das entregas da obra é crucial para que isso ocorra. A intenção é negociar todos os itens da curva ABC e as entregas serem feitas no decorrer do andamento da obra ou, até mesmo, de várias obras na mesma região”, diz André Silva, coordenador de Compras da Emccamp Residencial, construtora que atua nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Na tentativa de sobreviver num país em crise, as empresas tendem a oferecer condições especiais de fornecimento. “A estratégia que as indústrias vêm adotando para ‘rodar’ os estoques que estão elevados é a realização de melhores negociações com as construtoras, inclusive reduzindo suas margens de lucro”, conta.

A estratégia que as indústrias vêm adotando para ‘rodar’ os estoques que estão elevados é a realização de melhores negociações com as construtoras, inclusive reduzindo suas margens de lucro. ” André Silva

Exemplos são insumos como aço e concreto, que apresentam preços menores hoje se comparados aos pagos em obras anteriores. Além disso, há segmentos que estão produzindo praticamente pelo sistema just in time – como o do aço, tintas, louça e metais sanitários –com prazo determinado de fabricação e entrega.

“Fazemos nossa programação com base no prazo definido pelos fornecedores ajustado ao nosso cronograma de obras, caso contrário não receberemos a tempo”, relata, acrescentando que isto reflete a adequação das fábricas à nova e reduzida demanda.

Segundo Silva, a cautela na hora de negociar é de suma importância. “É preciso que os fornecedores tenham um histórico positivo, tanto de acordo com nossos critérios de avaliação quanto no mercado”, observa.

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Comprando mais por menos baseada na norma

A entrada em vigor da norma de Desempenho Habitacional ABNT NBR 15.575, em julho de 2013, trouxe para o processo de compras uma série de responsabilidades e exigências.

“É necessária uma negociação mais aprofundada, verificando laudos, garantias e valores em longo prazo. O processo de compras exige mais tempo para que sejam definidos e verificados todos os parâmetros da negociação”, diz Silva.

A preferência é dada aos parceiros de longa data, mas aquele que deixar de produzir em conformidade será cortado. ” André Silva

Impõe-se também a busca por fornecedores com credibilidade, pois a substituição não é mais tão comum. A intenção é manter o mesmo fornecedor no decorrer de toda obra, desde que seus produtos sejam pré-homologados no atendimento às exigências normativas.

“A preferência é dada aos parceiros de longa data, mas aquele que deixar de produzir em conformidade será cortado”, comenta. De acordo com André Silva, comprando mais por menos se tornou uma técnica.

Existem parâmetros exigidos pelos projetos que estabelecem requisitos mínimos para fornecimento e garantia do fornecedor. A certeza quanto à qualidade do material vem do monitoramento resultante dos ensaios estabelecidos pela norma técnica pertinente.

“Normalmente, os ensaios são pagos pelo fornecedor, mas se temos interesse maior na validação de um produto, podemos arcar com o custo inicial e negociamos, posteriormente, desconto no contrato de fornecimento”, afirma, lembrando que para obras habitacionais do programa federal é obrigatória a utilização de materiais da cesta básica do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H).

Segundo ele, houve casos em que a diminuição de custos exigiu o desenvolvimento de novos fornecedores, sendo que a qualidade e o desempenho do produto não foram atingidos.

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Redação AECweb / Construmarket


Colaboração técnica

André Silva – É coordenador de Compras na Emccamp Residencial.

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