Esquadrias somente de acordo com a norma

Esquadrias de alumínio detalhada por dentro e ao lado uma esquadria fechada.

Independente do segmento ou padrão do imóvel, a compra de esquadrias de alumínio é uma decisão técnica das mais complexas. Porém, tanto o especificador quanto o comprador podem encurtar o caminho para uma aquisição segura, consultando a tabela de qualificação das empresas no PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat.

Os relatórios, sempre atualizados, estão disponíveis no site da Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (AFEAL), e do Ministério das Cidades.“O risco de comprar um produto fora de norma produzido por fabricante qualificado através do PSQ – Programa Setorial da Qualidade das Esquadrias de Alumínio tende a zero. É a única maneira que a AFEAL, sede do programa, tem para referenciar o fabricante. Não basta ser um associado, é preciso estar no PSQ e se qualificar. Para tanto, a empresa submete seus projetos a uma série de avaliações, ensaios, além de serem feitas auditorias em fábricas e fiscalização em obras. Na outra ponta, o PSQ ajuda as construtoras a fazerem a verificação de conformidade”, diz Edson Fernandes, gerente Nacional do programa.

Segundo ele, a tranquilidade é a principal vantagem para as construtoras que compram produtos conformes. “Elas evitam criar um passivo técnico para o negócio. Atualmente, com as exigências da norma de desempenho ABNT NBR 15575, é preciso assegurar que os produtos comprados e instalados na edificação estão em conformidade”, ressalta.

Por outro lado, a determinação da Caixa Econômica Federal de que as obras do programa Minha Casa Minha Vida devem, obrigatoriamente, empregar produtos certificados pelo Inmetro ou qualificados pelo PBQP-H levou ao crescimento do número de empresas participantes do PSQ.

“Além disso, o setor fabricante de esquadrias de alumínio se viu pressionado pelas construtoras e lojistas a adequarem seus produtos à norma técnica ABNT NBR 10821 – Esquadrias externas para edificações. Outras tantas empresas já reconhecem que é uma boa prática estabelecer como critério para isonomia competitiva a adoção da normativa. Com isso, participam do chamado combate à não conformidade intencional”, diz Fernandes.

Norma técnica

O risco de comprar um produto fora de norma produzido por fabricante qualificado através do PSQ – Programa Setorial da Qualidade das Esquadrias de Alumínio tende a zero. É a única maneira que a AFEAL, sede do programa, tem para referenciar o fabricante. Não basta ser um associado, é preciso estar no PSQ e se qualificar. Para tanto, a empresa submete seus projetos a uma série de avaliações, ensaios, além de serem feitas auditorias em fábricas e fiscalização em obras. Na outra ponta, o PSQ ajuda as construtoras a fazerem a verificação de conformidade.”

É providencial que o comprador conheça, mesmo que superficialmente, a norma técnica de esquadrias ABNT NBR 10821. “Até porque, ele deve considerar algumas exigências, como a região do país em que a obra será construída”, diz.

O mapa das isopletas divide o país em cinco regiões, de acordo com a pressão de ventos. Apesar dos ventos constantes, o Nordeste é classificado como região 1, enquanto o Sul, submetido a fortes rajadas, figura como região 5.

“A segunda variável é a altura da edificação. A pressão de ventos no térreo ou em um sobrado é bem menor, se comparada à exercida numa edificação de 20 ou 30 pavimentos. Além disso, é preciso observar a dimensão do produto: uma janela de 1 x 1 m construída com determinado perfil pode ter resistência adequada, mas uma peça maior – de 1,20 x 1,50 m, por exemplo – que utiliza esse mesmo perfil será mais frágil. Porque é um outro projeto e, portanto, pede perfis mais robustos”, explica.

É importante os compradores saberem, também, que uma esquadria não deve ser somente resistente – ela precisa ser funcional. “Para isso, deve incorporar componentes adequados e de qualidade, ter caixa de dreno, vedações como escovas e elastômeros, e parafusos de aço inoxidável, detalha”.

A revisão da NBR 10821, que já está na ABNT e deve entrar em vigor no segundo semestre deste ano, trará a novidade da parte 04 com seus requisitos de desempenho acústico e térmico. “A AFEAL, em sintonia com a NBR 15575, participou intensamente de sua revisão e, paralelamente, fez a lição de casa. Várias empresas sob a coordenação da associação e do PSQ promoveram ensaios laboratoriais para verificar qual é o desempenho acústico e térmico das esquadrias fabricadas hoje.

Algumas já estão saindo à frente, melhorando seus produtos e lançando outros com desempenho acústico superior”, comenta Fernandes. A norma vai estabelecer uma classificação de ‘A’ a ‘D’ de desempenho acústico, que será identificada por etiqueta presente nos produtos.

“O nível ‘A’ é o que apresenta o melhor desempenho acústico, com Rw acima de 30 dB. Ficarão classificadas com ‘B’, as esquadrias com isolamento entre 24 e 30 dB, e com ‘C’, entre 18 e 24 dB. Já as janelas que obtiverem nível inferior a 18 dB estarão na classe ‘D’. Essa classificação atende a maioria das edificações, mas existem outras que necessitam de um desempenho superior e, nesses casos, são necessários estudos específicos”, comenta.

Avaliação das esquadrias

São muitas as diferenças entre esquadrias de alumínio qualificadas e as não conformes. “Aquelas fabricadas em desacordo com as normas apresentam deficiências absurdas, como infiltração de água, vida útil reduzida pela utilização e esforços. Chegam a ter uma vida útil inferior ao período de garantia do produto que, atualmente, é de cinco anos – há casos em que, em 90 dias, geram necessidade de assistência técnica e até mesmo de substituição. O preço é menor porque o produto apenas fecha o vão, não confere o desempenho adequado. É preciso comparar produtos com desempenho equivalente”, comenta.

Segundo Edson Fernandes, relatos de fabricantes revelam que, desde quando começaram a produzir esquadrias conformes, houve uma queda significativa dos serviços de assistência técnica, praticamente eliminados nessas empresas.

“A demanda que permanece diz respeito a erros na instalação ou de produtos que tiveram problemas no transporte”, diz o gerente. Fernandes lembra que quando ocorrem problemas com as esquadrias de um imóvel, o responsável primeiro é a construtora e, portanto, é ela que deve ser acionada.

Caso não seja suficiente, o comprador do apartamento deve contatar o fornecedor da janela, a quem cabe fazer as adequações necessárias. Muitos casos, porém, são de falta de manutenção adequada no pós-venda ou mesmo na instalação.

É comum a construtora solicitar à AFEAL um parecer técnico, ao suspeitar da não conformidade. “Um profissional da associação ou da Beltrame Engenharia, responsável pela gestão técnica do PSQ, vai até o local e faz essa avaliação. E quando o caso requer a responsabilização legal, é feita a peritagem por um consultor independente. Nos casos que acompanhamos, sempre chegamos a um consenso, tanto da parte da construtora como do fabricante”, comenta.

A Caixa Econômica Federal, diante de vários processos por ser co-responsável pela qualidade das obras, também lança mão da expertise do PSQ de esquadrias de alumínio.

“Recentemente, fomos chamados para checar as janelas instaladas num edifício de 16 andares, em Vitória (ES), especificadas em desacordo com aquela situação. Era um produto popular, para ser usado em casas térreas ou sobrados, mas foi colocado em um edifício alto. A Caixa está solicitando uma posição da construtora e não houve desfecho ainda”, conta, acrescentando que há casos exemplares, em que a Caixa deixou de pagar o construtor por ter uma obra com esquadrias não conformes”, afirma.

O setor fabricante de esquadrias de alumínio se viu pressionado pelas construtoras e lojistas a adequarem seus produtos à norma técnica ABNT NBR 10821 – Esquadrias externas para edificações. Outras tantas empresas já reconhecem que é uma boa prática estabelecer como critério para isonomia competitiva a adoção da normativa. Com isso, participam do chamado combate à não conformidade intencional.”

Outro exemplo foi o do empreendimento de casas do programa Minha Casa, Minha Vida, localizado no Paraná. Trata-se de região 4, com elevada pressão de vento, mas foram instaladas esquadrias que atendem as exigências da região 3.

A construtora e o fabricante se acertaram e houve a substituição do produto. “Mas metade já estava colocada nos vãos. Esse ajuste causou mais de R$ 1 milhão de prejuízo para o fabricante”, alerta Fernandes.

As construtoras contratadas da CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano -, só compram de fornecedores de esquadrias já qualificados pelo Qualihab – programa da empresa estatal, que utiliza os mesmos critérios do PBQP-H.

Combate a não conformidade das esquadrias

Grandes construtoras compram diretamente dos fabricantes e outras, menores, adquirem janelas no mercado. “O trabalho de verificação de conformidade está sendo mais intenso nas lojas. Hoje, há técnicos do PSQ nas ruas fazendo a verificação, o que envolve checar se o fabricante é participante do programa, se o produto que está exposto é o que foi aprovado no programa. E, quando existe um produto em não conformidade, a informação naturalmente corre entre os concorrentes. Há uma autofiscalização”, explica.

Novos fabricantes que apresentam sinais de não conformidade são orientados pela AFEAL, que oferece cursos, palestras, treinamentos e visitas técnicas. “Se fabricantes, lojistas e construtoras trabalharem com esquadrias de alumínio fabricadas a partir do nível mínimo prescrito em norma, as condições concorrenciais se estabelecem, com ganhos de produtividade em toda a cadeia”, conclui Fernandes.

Baixe aqui um mapa comparativo de propostas para facilitar seu processo de cotação.


Redação AECweb / Construmarket


Colaborou para esta matéria

Edson Fernandes – Administrador de Empresas, pós-graduado pela Fundação Getúlio Vargas na área de Finanças e Controladoria. Atuou como executivo de empresas nacionais e estrangeiras. É consultor de gestão empresarial e gerente nacional do PSQ – Programa Setorial da Qualidade de Esquadrias de Alumínio.

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