MPD estabelece prazos parciais para evitar atrasos

Dois engenheiros conversando sobre uma obra a se fazer. Um deles está apontando a frente e o outro está no rádio.

Um ponto fundamental no trabalho da área de suprimentos de uma construtora, segundo Milton Meyer Filho, vice-presidente Técnico da MPD Engenharia, é fazer a checagem dos prazos e processo de produção dos fornecedores.

“Imagine a seguinte situação: a construtora compra toda a caixilharia para um prédio. Se ela não acompanhar o processo de produção desses caixilhos e só ficar aguardando que o fornecedor entregue depois de prontos, isso quer dizer, após quatro ou cinco meses, a chance de acontecer uma surpresa desagradável é muito grande”.

Se ela não acompanhar o processo de produção desses caixilhos e só ficar aguardando que o fornecedor entregue depois de prontos, isso quer dizer, após quatro ou cinco meses, a chance de acontecer uma surpresa desagradável é muito grande. ”

Para Meyer, ao contratar um fornecedor, o ideal é estabelecer prazos parciais de cada etapa – quando o fornecedor vai comprar o alumínio, data de entrega do alumínio no fabricante, o momento que ele será pintado ou anodizado.

Assim, a construtora consegue acompanhar as etapas do processo de fabricação e verificar se as datas pré-estabelecidas estão sendo cumpridas.

“Na eventualidade do cronograma estar saindo do controle, a construtora consegue acionar um plano B, que pode ser rescindir com o fornecedor e contratar outro ou ajudá-lo a resolver o problema com prazos. Na MPD Engenharia nós fazemos assim e, no caso dos itens mais importantes, como concreto, alumínio, aço, madeira, entre outros, temos sempre um provável substituto”.

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Essa forma de gestão dos fornecedores é um ‘custo’ que vale a pena a construtora investir. “Acredito que são poucas as empresas que fazem isso, elas estão muito mais focadas no econômico, ou seja, olhando de perto o seu fluxo financeiro e tomando decisões baseadas nisso. O que, normalmente, acarreta atrasos na obra”, afirma o vice-presidente.

A entrega antecipada de insumos, sem exageros, é também uma garantia de que não haverá prejuízos nos prazos. “Para isso, é necessário ter um planejamento prévio”, diz. Segundo ele, o departamento de Suprimentos da MPD Engenharia é descentralizado.

“Cada obra tem a sua unidade de negócios com autonomia para comprar e contratar os serviços até um determinado nível de valor. Os itens que consideramos commodities, cujo valor agregado é maior, como concreto, aço, elevador, cerâmica, caixilho, alguns serviços técnicos de fundação – a curva ABC do orçamento da obra – são fechados no escritório central da empresa”.

E completa: “Temos um departamento de orçamento que nos subsidia com informações, e as decisões das negociações são feitas entre o gerente da obra e o vice-presidente técnico – função que desempenho”.

Planejamento dos prazos

Para Meyer, o maior desafio do setor de suprimentos é justamente planejar a compra dos materiais, possibilitando que as negociações ocorram de forma antecipada. Essa prática permite um tempo confortável para negociar bem e que o fornecedor se prepare e produza para atender a obra.

“Outro aspecto relevante é que no Brasil alguns setores que apóiam a construção civil ainda carecem de evolução, principalmente, na diversidade de produtos apresentados ao mercado. Apesar de terem melhorado muito nos últimos cinco a dez anos, os sistemas construtivos, por exemplo, ainda deixam a desejar, se comparados aos encontrados lá fora”.

Nas feiras internacionais como a Batimat, em Paris, ou mesmo as realizadas na Alemanha, é possível perceber essa diferença. “Lá não se fala em tijolo, mas em solução para parede – são os chamados subsistemas como solução construtiva que aqui ainda tem muito a melhorar”.

Acredito que são poucas as empresas que fazem isso, elas estão muito mais focadas no econômico, ou seja, olhando de perto o seu fluxo financeiro e tomando decisões baseadas nisso. O que, normalmente, acarreta atrasos na obra. ”

Outra prática comum e fundamental no momento de escolher um fornecedor é avaliá-lo antes de fechar negócio. “Primeiro, é preciso qualificar o fornecedor tecnicamente; depois, verificar o cadastro e se existe alguma pendência dessa empresa junto à construtora; e, se ele for um novo parceiro, o ideal é visitar as instalações, ver se ele tem condições de fornecer os produtos em todos os requisitos da especificação. Fazer essa lição de casa é muito importante”, afirma o vice-presidente. E continua: “Essa prática é recorrente na MPD Engenharia, independente da compra ser fechada aqui ou na obra”, reforça.

Setor privado x público

A principal diferença entre a compra de materiais do setor privado e público está no tempo da aquisição. “No público, existem regras definidas de pagamentos e o fluxo de caixa pesa muito na decisão de compra. Já no setor privado, essas questões de relacionamento comercial com o cliente são mais flexíveis. Hoje é comum faturar insumos contra o seu cliente para evitar o que chamam no Brasil de bitributação de impostos. Isso já não acontece no setor público. Não se consegue que um cliente público pague algo para você”, diz.


Redação AECweb / Construmarket


Colaborou para esta matéria

Milton Meyer Filho – É formado em engenharia Civil pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em 1982, com aperfeiçoamento de Engenharia de Seguros da Escola Politécnica de Milão, na Itália.

Em 1986 entrou na MPD Engenharia e tornou-se sócio, ocupando, atualmente, o cargo de vice-presidente da empresa.

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