Qualificação de fornecedores é estratégica

Qualificação de fornecedores é estratégica para a construtora

Redação AECweb / Construmarket


Existem várias formas, na área de compras e suprimentos de construtoras, para a avaliação e qualificação de um novo fornecedor. “Toda empresa precisa ter um procedimento para cadastro de fornecedor. Começa avaliando os históricos recentes de vendas, atendimento a prazos, certificações como ISO 9001, tudo isso com olhar de auditor. E a qualificação de um novo fornecedor é estratégica para os negócios da construtora, afinal, quem compra bem, vende bem. Isso quer dizer que, se a construtora tem problemas com o fornecedor no cumprimento de prazos ou com a qualidade, lá na frente, no momento que será entregue a obra, provavelmente, ela terá problemas com o cliente final”, afirma Ítalo Coutinho, coordenador da área de Engenharia e Construção do IETEC.

Ele explica que não é somente uma questão de preço. Ao se estabelecer uma cadeia de fornecimento é importante que se entregue no prazo, com qualidade, características e especificações requeridas. “Prática não muito comum no setor da construção civil. Portanto, a qualificação de um fornecedor é estratégica e deve vir da direção da empresa, passando pelo gerente da área de compras até chegar ao comprador. É necessário um alinhamento entre todas as partes sobre quais as maneiras de se trabalhar com essa nova empresa”, explica.

De acordo com Coutinho, se a construtora tem um grupo de fornecedores atuais confiáveis, o ideal é continuar qualificando e verificando se estão cumprindo o prometido. Essa ação torna desnecessário o desenvolvimento de novos parceiros. “Entretanto, se há uma situação onde a demanda é muito grande e será preciso mais fornecedores para atendê-la, ou se grupos de fornecedores estão em risco de cumprir o fornecimento combinado devido há um ‘boom’ no setor da construção civil, por exemplo, onde o mesmo fornecedor passará a atender mais 10, 15 construtoras, é bem possível que ocorram atrasos na entrega ou perda de qualidade. Assim, o indicado é abrir o leque de fornecedores existentes e verificar outros na sua região ou até mesmo fora”.

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MATERIAIS CRÍTICOS

De acordo com o coordenador, existem produtos que são críticos ao processo da construção, que são, basicamente, os itens primários como concreto e aço. “São considerados críticos devido ao uso em grande quantidade e a existência de poucos fornecedores qualificados no mercado. Para esses itens, é desejável sempre ter uma gama de fornecedores aptos a atender no prazo e em condições comerciais. É preciso atenção na escolha e acompanhar de perto o andamento do pedido, garantindo que o fornecimento seja cumprido”, diz o coordenador.

QUALIDADE

A qualidade deve ser um item sempre avaliado e checado, afinal é comum a construtora se deparar com uma variedade de produtos que podem ocasionar fornecimento ruim ou defeituoso. “Acabamento e revestimento são sempre os vilões. E a infinidade de fornecedores gera risco, se não for bem homologado para atender a obra. Soma-se a isso o deslocamento geográfico, onde chegar com produtos usuais é mais difícil. É o caso de obra do programa Minha Casa, Minha Vida, em Manaus, onde não existe um parque de fornecimento de matéria-prima para a construção nos arredores do município. Diferente do que acontece nas imediações de grandes cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba”, explica Coutinho.

No caso dos fornecedores que já são parceiros, não há uma periodicidade ou momento certo para que seja realizada a avaliação e qualificação do trabalho que está sendo prestado à construtora. “A homologação de fornecedor não é algo definitivo e para sempre. A construtora precisa retomar o processo periodicamente e avaliar a sua cadeia de fornecimentos. É o momento da parceria, onde será possível em conjunto com o fornecedor determinar pontos falhos e o que poderá ser feito para estender ainda mais esse bom relacionamento”, afirma o coordenador.

Segundo Coutinho, apesar de não ser nada fácil a troca de fornecedores, já que houve um investimento da construtora para que a relação fosse duradoura, em muitos momentos não há outra escolha. “A mudança é necessária quando os requisitos mínimos de qualidade, segurança, disponibilidade, preço e bom atendimento não forem cumpridos. Já longas parcerias são interessantes a partir do momento em que as duas partes continuem com a relação ganha-ganha. Se uma relação comercial gerar dependência tecnológica ou de preços, é melhor rever e elaborar estratégias para que isso não ocorra”, completa.

Entre as consequências de uma má contratação de fornecedor estão, de início, a perda de qualidade e atendimento ao prazo. “Em seguida, prejuízos financeiros serão evidentes e, por último, o desgaste será tão grande que os clientes da construtora tomarão ciência, gerando descrédito. A má contratação de fornecedor traz prejuízos por um bom tempo, afinal, ninguém troca de concreteiro como se troca de camisa”, completa.


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Ítalo Coutinho – Mestre em Administração de Empresas pela FUMEC, pós-Graduado em Gestão de Projetos pelo IETEC, Graduado em Engenharia Industrial Mecânica pelo CEFET-MG. Professor da disciplina Gestão das Aquisições do curso de Pós e também coordenador da área de Engenharia e Construção do IETEC..

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