Redação AECweb / Construmarket
Ao comprar produtos para obras econômicas, o comprador precisa aliar custo – e não preço –, aos critérios mínimos das normas técnicas e de desempenho de materiais e serviços. “Quando se analisa preço, não avaliamos o desempenho do produto nem o fator produtividade. O conceito de custo procura avaliar o produto de forma mais ampla, inclusive na interação do mesmo com os demais subsistemas. Consequentemente, temos uma definição mais ampla do custo-benefício do produto”, esclarece David Antonio Nonno, gerente Geral de Engenharia da Cury Construtora.
A Caixa Econômica Federal exige que sejam utilizados produtos de empresas qualificadas no PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat. “É importante que o setor esteja atento, já que muitas empresas se apresentam como qualificadas, mas não possuem os ensaios comprobatórios”, alerta Nonno.
De acordo com o gerente geral da Cury Construtora, é possível conciliar custo à qualidade na compra de materiais para esse tipo de empreendimento, principalmente quando se compra em escala. “Compras para obras econômicas possuem ganhos em escala, o que torna possível ter retornos significativos e, inclusive, dispor de mais padrões de produtos dentro das opções de mercado como revestimentos cerâmicos, louças, metais sanitários, fios e cabos elétricos e esquadrias de alumínio”.
FORNECEDORES
O perfil dos fornecedores é diferente quando eles são contratados para obras econômicas. Normalmente, são escolhidas empresas que se adaptam mais rapidamente às normas e critérios mínimos e que demonstram ganhos competitivos relevantes. “Nesse aspecto, alguns fornecedores se especializam em construções destinadas à baixa renda. Entre os segmentos de materiais em que há maior especialização de fabricante estão os revestimentos cerâmicos, ferragens, louças, metais, esquadrias, interruptores e tomadas”, comenta Nonno.
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A escala de compra leva a uma seleção específica, já que qualquer adversidade pode ser prejudicial ao processo. Daí a importância de avaliar o produto em função do seu desempenho e a capacidade de fornecimento do fabricante. “Produtos que levam a um desempenho inferior ou fornecedores que não possuem capacidade de atendimento do cronograma de entrega podem comprometer todo o empreendimento”, destaca.
Nonno exemplifica o que pode ser uma grande adversidade: “Imagine um empreendimento com duas mil unidades e cinco esquadrias para serem instaladas por imóvel em cinco meses. Se o fornecedor não conseguir atender ao cronograma de entrega, prejudicará o andamento de todos os serviços subsequentes, como revestimentos internos e externos. Ou, se as esquadrias apresentarem problemas de infiltração, serão dez mil peças com patologias pós-entrega, sendo praticamente inviável esse reparo sistêmico”.
LOGÍSTICA
Uma das questões importantes a considerar no momento da compra é a logística de fornecimento e os fretes. A constância de entregas para produtos de consumo contínuo, como blocos e argamassas, pode facilitar negociações. Em regiões mais distantes, o setor de compras faz uma sondagem dos fornecedores locais e sua capacidade de fornecimento. “Quando possível, desenvolvemos fornecedores locais, mas em muitas ocasiões a solução passa pela alteração do processo construtivo, como substituir alvenaria por parede de concreto, caso não haja fornecedores de blocos”, afirma o gerente.
COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA
David Antonio Nonno – Gerente Geral de Engenharia da Cury Construtora.
Engenheiro Civil, especialista em Tecnologia de Gestão na Produção de Edifícios, com mais de 20 anos de experiência em construções habitacionais, comerciais e industriais, responsável pelo Departamento de Engenharia da Cury no RJ, onde com cinco anos de implantação chegou à produção simultânea de 10.800 unidades habitacionais para público de até 10 salários mínimos.