Responsável pelo tempo da obra em vários pontos do país, a WTorre segue um único procedimento de compras de materiais e sistemas. “Para nós, não há diferença em suprimentos para obras que acontecem em prazos diversos”, diz o engenheiro Sérgio Lindenberg, CEO da empresa.
O que, de fato, importa é que a área de suprimentos estabeleça os volumes de contratação, tendo como referência a curva ABC – lembrando que aqueles itens classificados como ‘A’, como aço, cimento e elevadores, representam cerca de 80% do custo total das compras.
“Concentramos o foco nesses 15 ou 20 itens, pois é onde estão os maiores potenciais de ganhos. Na curva ‘C’, podemos ter cerca de mil itens que, no entanto, respondem por 3 ou 4% do custo”, comenta Lindenberg.
Para nós, não há diferença em suprimentos para obras que acontecem em prazos diversos. ” Sérgio Lindenberg
Assim, por melhor que seja a negociação para a compra de 2 mil quilos de pregos, a economia é mínima e pode não passar de R$ 20.Já na contratação de uma fachada cortina, o ganho chega a milhões de reais.
“No caso de construtora que trabalha com produtos padronizados, como torres residenciais, em que os itens se repetem – a exemplo de azulejos 15 cm x 15 cm –, provavelmente a área de suprimentos cuida dessa compra com a máxima atenção, em função do volume”, destaca Marcus Sugawara, gerente de Suprimentos da WTorre.
Independentemente de se tratar de um centro de distribuição (CD), que fica pronto em cerca de dez meses, ou de uma hidrelétrica, cuja construção se estende por cinco ou seis anos, as obras da WTorre obedecem etapas bem definidas.
Começa-se pelo cronograma executivo e, dele, os profissionais extraem o cronograma de suprimentos, que é o seu trilho de trabalho.
“No caso de um CD com esse prazo para a entrega da obra, a estrutura metálica deverá ser montada no quinto mês e precisa ser contratada com 90 dias de antecedência, o que me leva a negociar com o fornecedor no primeiro mês de obra, assegurando prazo suficiente para que ele fabrique, entregue e inicie a montagem no canteiro”, exemplifica Lindenberg.
O setor de suprimentos já sabe, no primeiro dia da obra, quando será necessário comprar cada item da cadeia crítica e também os insumos.
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Importação de materiais
Em períodos de forte expansão da construção civil, pode acontecer de a construtora ter de importar determinado material. Situação do tipo relatada pelo CEO aconteceu, em 2009, com a fachada pele de vidro do edifício corporativo Nações Unidas III.
O prazo de execução dessa obra era de 24 meses e, na época, o mercado fornecedor brasileiro estava extremamente demandado. Foram realizadas cotações em todas as empresas nacionais, porém, como elas estavam com muitos contratos, os preços se mostraram muito elevados.
“A solução foi importar a fachada da China, o que foi possível porque o tempo da obra era longo e havia tempo hábil para trazer o material de fora do país. Essa compra foi excelente, e a entrega foi pontual”, conta.
A busca de solução no exterior é comum, também, quando o mercado nacional não produz o item especificado. Foi o que aconteceu com os cubos suspensos do shopping JK Iguatemi, onde funcionam cafeterias e sorveterias.
Para essa estrutura, o arquiteto da WTorre projetou vidros com seis metros de comprimento. Entretanto, vidro nessa dimensão não é fabricado no Brasil. A alternativa foi trazer o material da Espanha, já beneficiado, inclusive com toda a furação. O produto chegou íntegro, sem quebra.
Quando a obra é de curto prazo, às vezes não há tempo suficiente para importar. A opção é voltar para a prancheta e substituir o produto por outro similar ou buscar alguma alternativa.
Quanto maior o nível de informação que a área de suprimentos tem no momento da compra, melhor será a concorrência realizada. ” Sérgio Lindenberg
Quando o tempo da obra aperta
Em casos de compras urgentes para obras de curto ou longo prazo, o processo de aprovação pode ser acelerado, mas os procedimentos internos nunca são quebrados.
“Toda cotação e equalização são realizadas pela área de suprimentos. Porém, nos materiais que compõem a curva ‘A’, quando há alguma dificuldade na negociação ou na busca de melhor acordo comercial, até mesmo o CEO da empresa pode participar do processo com os fornecedores”, diz Lindenberg.
Os principais erros da área de compras das construtoras ocorrem pela falta de informação sobre os produtos. Quando a especificação está completa e correta, o setor de suprimentos consegue fazer a melhor compra sem maiores problemas.
“Quanto maior o nível de informação que a área de suprimentos tem no momento da compra, melhor será a concorrência realizada”, concorda Sugawara.
Quando a WTorre executa obras em estados diferentes de São Paulo, onde fica a sua sede, um staff técnico composto por engenheiros e encarregados experientes é deslocado para a região. Todo o restante da mão de obra é contratado localmente, por ser mais barato.
“Os materiais commodities são negociados em São Paulo, já que os principais fornecedores estão no estado, e a entrega é feita no canteiro. As outras pequenas compras são realizadas localmente pela central de suprimentos na capital paulista”, conclui Lindenberg.
Redação AECweb / Construmarket
Colaboração técnica
Sérgio Lindenberg – Engenheiro civil pela Universidade Federal de Minas Gerais, com especialização em engenharia econômica pela Fundação Dom Cabral.
O executivo tem ainda MBA pela Northwestern University, dos Estados Unidos, e pela FDC/Insead, da França. Atualmente, é CEO da WTorre Engenharia, cargo que já ocupou entre 2009 e 2012. Tem passagens pela Dan-Hebert Engenharia, Hochtief e Planar Engenharia.
Marcus Sugawara – Formado em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia São Paulo (FESP), tem pós-graduação em Administração de Empresas para Engenheiros e Arquitetos pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e extensão em Gestão de Projetos pela mesma instituição.
Ocupa o cargo de gerente de Suprimentos na WTorre. Tem passagens pelas empresas Diase Construções e Homex Brasil Construções.