O que é preciso avaliar nas compras da obra?

Avaliação das compras na construção deve considerar quantidade, qualidade e prazo
maquete de casa em construção em cima de uma planta

A principal estratégia que o departamento de compras e suprimentos de uma construtora deve utilizar, de acordo com Itamar Aparecido Lorenzon, professor e coordenador do Curso de Aperfeiçoamento em Gestão de Obras do Departamento de Engenharia Civil da UFSCar – Universidade Federal de São Carlos -, é estabelecer parceria entre as empresas e os fornecedores.

“Com isso, é possível diminuir os custos transacionais e aumentar a confiabilidade do processo.  Os procedimentos com o objetivo de garantir a qualidade do material ou serviço são fundamentais e devem ser inerentes e indispensáveis.

Muitas vezes, as construtoras pensam em comprar com menor preço, mas essa estratégia pode ser viável somente para materiais com grande oferta no mercado como, por exemplo, o cimento”.

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As estratégias de compras são realizadas, normalmente, pela diretoria técnica em nível de canteiro, e pelas diretorias técnica e financeira no caso de grandes compras centralizadas.

“Por exemplo, quando as construtoras adquirem materiais mais significativos, que necessitam de maior grau na negociação e para vários empreendimentos.

Há, também, a compra por cooperativa: associações de empresas da construção civil – construtoras e incubadoras – criadas para, entre outros fatores, obter maior poder de negociação, limitar os atravessadores e facilitar a importação de materiais”, explica Lorenzon.

É possível diminuir os custos transacionais e aumentar a confiabilidade do processo.  Os procedimentos com o objetivo de garantir a qualidade do material ou serviço são fundamentais e devem ser inerentes e indispensáveis. Muitas vezes, as construtoras pensam em comprar com menor preço, mas essa estratégia pode ser viável somente para materiais com grande oferta no mercado Itamar Aparecido Lorenzon

Leia também: Qualificação e avaliação dos fornecedores para a qualidade da obra

As compras de materiais para um empreendimento não podem ser feitas sem um plano estratégico. “Essa atitude implica em perda de competitividade. É preciso que as etapas de compras, como entregas/recebimentos e pagamentos, sejam combinadas estrategicamente.

Às vezes, é possível aproveitar também ofertas das empresas fabricantes, como a compra por lotes, desde que os produtos tenham validade compatível com a aplicação”, diz o professor.

planejamento

No processo de compras, as estratégias estabelecidas devem estar alinhadas às da empresa. “A construtora deve definir metas como o lançamento de empreendimentos e elaborar uma estratégia de compras e pagamentos condizente com o fluxo de caixa previsto. Em alguns casos, identifica-se a estratégia de permuta de imóveis por materiais ou serviços fornecidos ao longo da execução do empreendimento”, comenta o coordenador.

Em geral, as obras pressupõem surpresas ao longo da execução, exigindo compras fora do planejado. “As eventualidades podem ser minimizadas por meio de um eficiente planejamento da obra integrado a um controle periódico. Também podem ser evitadas por meio de um orçamento mais operacional e de um controle da produção que reduza os desperdícios e perdas. Além disso, no início do processo, os projetos devem ser devidamente compatibilizados e as especificações devem ser precisas com a execução, evitando interpretações equivocadas dos materiais”, afirma Lorenzon.

As eventualidades podem ser minimizadas por meio de um eficiente planejamento da obra integrado a um controle periódico. Também podem ser evitadas por meio de um orçamento mais operacional e de um controle da produção que reduza os desperdícios e perdas. Além disso, no início do processo, os projetos devem ser devidamente compatibilizados e as especificações devem ser precisas com a execução, evitando interpretações equivocadas dos materiais Itamar Aparecido Lorenzon

MELHORES PRATICAS NA GESTAO DE SUPRIMENTOS NA CONSTRUCAO CIVIL BANNERBANNER

Segundo ele, a resposta para avaliação do processo de compras deve vir dos empreendimentos, respondendo se os materiais e serviços estão chegando com a quantidade e qualidade necessárias e no momento da sua utilização. “Esses três fatores – quantidade, qualidade e prazo – avaliam com precisão todo o processo de compras. Atendidos esses quesitos, toda empresa deve buscar o preço mais apropriado. Além de observar o fluxo de caixa coerente, disponibilidade de local para estoque na obra, tempo entre a emissão do pedido e a entrega na obra, exatidão na elaboração do pedido pela obra e número de fornecedores parceiros”.

Leia também: 6 dicas para economizar na compra de material de construção

Após a avaliação, algumas medidas devem ser tomadas para a melhoria do desempenho do processo de compras. Muitas vezes, as estratégias precisam ser revistas. “Como mapear as etapas do fluxo de compra, objetivando a diminuição das durações dessas fases entre o levantamento dos quantitativos e a entrega do material na obra, treinar as pessoas envolvidas de forma a aumentar a confiabilidade no processo e avaliar constantemente a eficácia dos procedimentos”, comenta o professor.

As principais consequências que o empreendimento e a empresa podem sofrer com a adoção de estratégias equivocadas e avaliações mal feitas ou mal resolvidas, de acordo com o coordenador, é o atraso no desenvolvimento do empreendimento e o aumento do custo. “Efeito secundário e talvez até mais grave, é a perda da confiabilidade no processo, criando um descompasso entre a produção e a disponibilidade dos materiais. A utilização de materiais inadequados pode ocasionar problemas no desempenho do edifício”.

Redação AECweb / Construmarket

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Itamar Aparecido Lorenzon – Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal de São Carlos (1991) e Doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos (2008). É professor do curso de Engenharia Ambiental na modalidade de Educação a Distância no sistema UAB/UFSCar e do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos.

Além disso, é professor e coordenador do Curso de Aperfeiçoamento em Gestão de Obras do Departamento de Engenharia Civil da UFSCar, ministrando o módulo Planejamento e Controle de Obras.

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